Trigo salta para máxima de quatro meses com tensão na Rússia

Setor
27/06/2023

O trigo saltou para uma máxima de quatro meses depois que a breve insurreição armada na Rússia, maior exportadora do grão, aumentou as incertezas sobre os embarques do Mar Negro.

Espera-se que a Rússia lidere as exportações mundiais de trigo nesta e na próxima safra, e uma alteração em seus embarques teria um impacto significativo nos fluxos globais.

Por enquanto, não parece haver interrupções imediatas no comércio de trigo, mas a indústria naval avalia a segurança das operações na região, disse Carlos Mera, chefe de pesquisa de commodities agrícolas do Rabobank.

Os futuros de trigo em Chicago subiram até 3,2% nesta segunda-feira, para US$ 7,7025 o bushel. O avanço em junho já é de quase 30%, o maior salto mensal desde 2015 se for mantido até final da semana.

Os temores com os suprimentos do Mar Negro se somam às preocupações com o clima seco nos EUA.

Grupo Wagner

A revolta das tropas mercenárias do Grupo Wagner terminou em um acordo e exílio do líder Yevgeny Prigozhin, mas expôs a fragilidade do governo de quase um quarto de século de Vladimir Putin, que havia prometido medidas muito mais severas.

A situação aumenta as preocupações sobre o futuro do pacto que permite à Ucrânia enviar grãos dos portos do Mar Negro. O acordo está para ser renovado em meados de julho e o ministro da infraestrutura da Ucrânia disse na semana passada que “não estava otimista” sobre sua extensão.

“A turbulência política na Rússia torna menos provável que eles tenham tempo e disposição para sentar à mesa e discutir os detalhes de um acordo de grãos”, disse Mera.

Embora os riscos para o mercado global sejam menores enquanto Putin permanecer no controle, há uma probabilidade menor de extensão do acordo de grãos do Mar Negro em meados de julho, aumentando a tendência de alta para os preços, disse Erik Meyersson, estrategista do banco sueco SEB.

A indústria agrícola da Rússia está operando normalmente e as cadeias de produção estão estáveis, informou a agência estatal russa Tass, no sábado.

“Se as tensões aumentarem, as coisas podem mudar”, disse Kona Haque, chefe de pesquisa de commodities da ED&F Man, em entrevista a Francine Lacqua na Bloomberg Television. “Por enquanto, acho que é apenas uma questão de esperar para ver.”

Fonte: Exame.

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