Realização de lucros derruba preços do trigo em Chicago

Setor
27/07/2023

Um movimento de realização de lucros dominou as cotações do trigo e do milho, que fecharam em forte queda na bolsa de Chicago. No caso do trigo, os papéis para setembro caíram 5,29%, a US$ 7,20 por bushel.

As altas dos últimos dias, pautadas principalmente pelos ataques de russos a portos da Ucrânia, motivaram a venda de papéis no mercado futuro nesta terça. Com a continuidade do conflito, as cotações em Chicago devem ficar ainda mais voláteis, diz Victor Gomes, consultor em gerenciamento de riscos da StoneX.

“As oscilações de preços baseadas na oferta e demanda podem indicar uma tendência mais clara para os contratos futuros. Mas esse cenário de guerra aumenta muito a incerteza sobre o direcionamento do mercado, que tem se mostrado volátil desde o início do conflito entre os dois países”, avalia Gomes.

Os preços do trigo vem perdendo força desde terça (25), quando não houve mais nenhum relato sobre ataques a portos da Ucrânia. A notícia de que a União Europeia poderia ajudar no escoamento de grãos ucranianos poderia amenizar as preocupações com a oferta, e consequentemente tranquilizar os investidores, mas ainda é cedo para confirmar se isso irá se concretizar, segundo o analista da StoneX.

“Muito tem se falado sobre outras alternativas para a Ucrânia escoar seus grãos, mas não há nada de concreto neste momento. Após os ataques aos portos do Mar Negro, os ucranianos vinham utilizando as rotas do rio Danúbio, que também foram afetadas. São estruturas que devem levar cerca de um ano para serem recuperadas”, comenta.

“E, mesmo que o país adote outras alternativas, como vias terrestres, a logística é muito mais complicada em relação aos portos, e certamente terá um aumento nos custos”, acrescenta Victor Gomes.

Milho

O milho fechou o dia com preços em queda na bolsa de Chicago, ainda com um movimento de realização de lucros pautando as cotações e devido também ao registro de chuvas em áreas produtoras americanas. Os lotes do cereal para dezembro recuaram 3,01%, a US$ 5,4825 por bushel.

Segundo a consultoria Granar, as chuvas em áreas do norte do Cinturão de Milho dos Estados, que é a principal região produtora do país, são um fator importante na formação de preços, pois as lavouras estão em momento de definição de potencial produtivo.

As cotações tendem a ficar no campo negativo à espera de notícias que envolvem a guerra entre Rússia e Ucrânia. Sem novos bombardeios a portos da Ucrânia, a expectativa de oferta maior nos Estados Unidos e Brasil devem manter os preços em baixa.

Soja

Já a soja descolou-se dos cereais e fechou o dia em alta. Os contratos da oleaginosa que vencem em agosto subiram 2,03%, para US$ 15,4625 o bushel.

Boa parte da alta é justificada pela indicação de aumento de demanda pelo grão dos Estados Unidos. Nesta quarta, o Departamento de Agricultura do país (USDA), reportou a venda de 500 mil toneladas de soja para destinos desconhecidos, que analistas geralmente atribuem às compras chinesas.

A valorização do real é outro fator de impulso para as cotações. A moeda brasileira mais competitiva em relação ao dólar tende a afetar as exportações do grão brasileiro.

Fonte: Globo Rural

Deixe sua opinião