Preço da farinha de trigo aumenta acima da média da inflação entre fevereiro e março

Abitrigo
24/03/2022

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, acusou a Rússia de impedir a passagem pelo Mar Negro de navios carregados com trigo da Ucrânia. No Brasil, onde o preço já vinha subindo, a guerra piorou a situação.

A auxiliar de escritório Fabiana Lima não resiste às delícias de uma padaria de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Mas nos últimos tempos, ela vem dando preferência a produtos mais baratos: “Em vez do pão, coloca uma tapioca, coloca uma omelete”.

O preço do trigo vem subindo desde o ano passado, mas acelerou em meio à guerra na Ucrânia. A farinha de trigo teve alta de 1,94% em março no Brasil, bem acima da média da inflação. Nos últimos 12 meses, aumentou mais de 10,5%.

Rússia, o maior exportador de trigo do mundo, e a Ucrânia, o quarto, reduziram a oferta.

Desde o início das tensões, em fevereiro, moinhos brasileiros tiveram que pagar 40% a mais pelo trigo, alta atenuada em parte pela recente valorização do real frente ao dólar.

“A valorização do real de cerca de 15 a 20% esse ano arrefece um pouco esse impacto, mas não é suficiente, uma vez que o aumento do preço em dólar é muito maior”, explica Julia Braga, economista e professora da UFF.

Todos os pães, bolos e doces que a gente vê expostos no balcão de uma padaria levam farinha de trigo. Desde o início de 2022, o preço do pão francês ficou quase 15% mais caro na padaria mostrada pela reportagem em Duque de Caxias (RJ). E olha que a padaria decidiu não repassar integralmente o aumento dos custos. O motivo, segundo o gerente, é que os clientes já reduziram bastante o consumo.

A padaria comprou, nesta quarta-feira (23), farinha de trigo com preço mais caro.

“Eu tive que pagar 10% a mais por ela. O fornecedor me disse que teve um aumento hoje, a partir de hoje”, diz Diógenes Dalvi, gerente da padaria.

Mesmo sendo um grande produtor agrícola, o Brasil importa quase 60% do trigo que consome. Entre os motivos estão condições climáticas menos favoráveis nas lavouras e a baixa rentabilidade em comparação com outros grãos, como soja e milho.

A Associação Brasileira da Indústria do Trigo diz que também faltam estímulos para que o Brasil se torne autossuficiente, como apoio à pesquisa para o desenvolvimento de sementes mais resistentes e a modernização nos processos de exportação.

“60% de trigo importado é um risco muito alto para a segurança alimentar do Brasil. Nós temos que fazer um esforço para reduzir a vulnerabilidade e a médio prazo chegarmos a ter uma autossuficiência do trigo e poder até exportar o trigo, como acontece com todos os outros grãos que o Brasil consome e produz”, afirma Rubens Barbosa, presidente-executivo da Abitrigo.

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Fonte: Jornal Nacional

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