Fim do acordo do Mar Negro fez trigo subir 3,2% em julho

Setor
01/08/2023

A escalada da guerra entre Rússia e Ucrânia teve um peso importante para as cotações do trigo na bolsa de Chicago em julho. No mês passado, os preços do cereal, que é produzido e exportado pelos dois países, subiram 3,23%, considerando os contratos de segunda posição, para, em média, US$ 6,9469 por bushel.

A trajetória dos preços, no entanto, seria de queda, segundo analistas, não fosse a decisão da Rússia de sair do acordo que permitia as exportações de grãos ucranianos via portos do Mar Negro. Uma semana após a suspensão do pacto, Moscou iniciou uma série de ataques a portos da Ucrânia, o que levantou dúvidas sobre a oferta de trigo dos dois países.

“O movimento especulativo em Chicago aumentou após a escalada na guerra, levando a um temor sobre o escoamento de trigo na região”, diz Élcio Bento, analista da Safras & Mercado.

Se o conflito impulsionou os preços do trigo, a perspectiva de oferta abundante do Hemisfério Norte é um contraponto a esse cenário.

“O mundo está colhendo muito trigo neste momento. Cerca de 70% da oferta mundial sai dos campos entre junho a agosto. Portanto, mesmo que persistam as instabilidades entre Rússia e Ucrânia, a produção que vai chegar ao mercado em breve impede que esse preço vá muito além, e, por enquanto, não tem forças para se aproximar dos patamares recordes observados no início do conflito”, acrescenta o analista da Safras & Mercado.

Logo após o início da guerra, em 7 de março de 2022, o trigo chegou a atingir quase US$ 13 por bushel.

Já a soja e o milho tiveram movimentos de preços distintos na bolsa de Chicago em julho, tendo como pano de fundo os dados de área plantada nos Estados Unidos na safra 2023/24. Os contratos futuros da oleaginosa fecharam julho com valorização de 7,38%, a US$ 14,4456 por bushel, na média. As cotações do milho caíram 6,19 %, fechando o mês em US$ 5,1829 por bushel.

No fim de junho, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) surpreendeu os investidores ao projetar uma área plantada com milho no país de 38,08 milhões de hectares, enquanto analistas previam 37,17 milhões. Para a soja, o órgão projetou uma área de 33,79 milhões de hectares, muito abaixo das 35,48 milhões esperados por agentes de mercado.

Com a indicação de área maior para o milho, os preços recuaram e o oposto aconteceu na soja.

Bolsa de Nova York
Nas negociações das “soft commodities” na bolsa de Nova York, o destaque em julho foi o suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês). Os papéis de segunda posição subiram 7,25%, para US$ 2,7675 por libra-peso.

Persistem no mercado os problemas com a oferta da commodity no mundo. Recentemente, o USDA projetou a produção global em 1,5 milhão de toneladas em 2022/23. No ciclo anterior, a produção fora de 1,7 milhão.

“Já são quatro temporadas consecutivas de safras muito pequenas em termos de volume. A oferta da fruta também não está respondendo, principalmente por questões climáticas e perdas por doenças”, diz Ibiapaba Netto, diretor-executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR).

O dirigente observa ainda que a perspectiva é de mais uma safra menor, principalmente no Brasil, maior exportador global. “Devemos ter uma produção de 309 milhões de caixas de laranja na temporada 2023/24, volume menor em relação ao ciclo passado, quando a safra já foi pequena”, diz.

Problemas relacionados à oferta também impulsionaram o cacau, que avançou 6,7% no último mês, a US$ 3.399 por tonelada, em média. O algodão subiu 1,97%, negociado a 83,25 centavos de dólar por libra-peso.

Nos mercados de café e de açúcar, o movimento foi de queda, reflexo do bom andamento das safras no Brasil. Os preços do café caíram 8,83% em julho, a US$ 1,5971 por libra-peso. No açúcar, o recuo foi de 1,28%, para 24,17 centavos de dólar por libra-peso, na média.

O mês de julho foi marcado por tempo firme, que favoreceu o andamento da colheita de cana no Centro-Sul e os trabalhos nas lavouras de café do Sudeste.

Fonte: Globo Rural

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