El Niño afeta safra de trigo no Sul e dá espaço para mercado da Austrália e Canadá

Setor
19/12/2023

Aumento populacional, geração de renda, desenvolvimento da indústria, aprimoramento genético do grão. Uma série de fatores contribuiu para que o trigo tenha saído de um cereal ‘coadjuvante’ de inverno para um dos principais cultivos na busca pela segurança alimentar. A demanda global puxa a produção no campo – mas o clima desfavorece o Brasil no momento.

Em dezembro, a produção global de trigo aumentou um milhão de toneladas em relação ao ano passado, alcançando 783 milhões de toneladas. Os dados são do relatório sobre o cultivo elaborado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

As maiores produções de Austrália e Canadá equilibram a oferta global, à medida que há menor produção de trigo do Brasil. Novamente, o El Niño está relacionado à safra. A produção de trigo do Brasil é projetada para baixo neste mês, com rendimentos menores e uma produção estimada de 8,4 milhões de toneladas para 2023/24.

“À medida que a colheita de trigo termina durante o mês de dezembro, tem sido relatado que o excesso de chuvas de setembro a novembro devido ao padrão climático El Niño afetou a qualidade e a produtividade das lavouras de trigo nos três principais estados produtores de trigo: Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina”, cita o documento.

“Na Austrália, as amplas reservas de umidade do solo e as chuvas oportunas no plantio mitigaram parcialmente o efeito das condições secas prolongadas durante o final do outono causadas pelo padrão climático El Niño”, aponta o relatório do USDA.

A Austrália deve colher 25,5 milhões de toneladas, segundo o Australian Bureau of Agricultural and Resource Economics and Sciences (ABARES). Já o Canadá deve atingir 32 milhões de toneladas, conforme estimativa oficial do governo (Statistics Canada).

Consumo global
De acordo com o relatório do USDA sobre as estimativas mundiais de demanda e oferta de produtos agrícolas (WASDE, em inglês), o consumo global de trigo é de 794,7 milhões. A oferta está em 1,05 bilhão de toneladas.

O maior uso do trigo para ração, derivados e indústria de alimentos na União Europeia, Coreia do Sul, Tailândia e China tem aquecido a demanda. Isso significa, segundo o USDA, que pode haver redução nos estoques globais em 2023/24. Com isso, os estoques finais globais projetados para 2023/24 são reduzidos em 500.000 toneladas, para 258,2 milhões, o menor desde 2015/16.

Fonte: Exame.

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