Cotação do trigo despenca e atinge mínima de quase quatro anos

Setor
07/03/2024

Os preços do trigo seguem em forte tendência de baixa na bolsa de Chicago, com o aumento da disponibilidade nas ofertas de Rússia e Ucrânia, que reduzem a procura pelo trigo americano. Os contratos do cereal para maio caíram 3,63%, a US$ 5,31 o bushel, a menor cotação desde 24 de agosto de 2020, segundo cálculos do Valor Data.

Como Rússia e Ucrânia seguem fornecendo grandes quantidades de trigo ao mercado internacional a despeito da continuidade da guerra, não há interesse na aquisição do cereal dos Estados Unidos. Com ampla produção e estoques recordes, o trigo russo ainda é o mais barato do mundo, cotado a US$ 200 a tonelada, enquanto o produto de origem americana é negociado por US$ 240.

Soma-se a esse quadro de oferta as condições favoráveis para o plantio da safra nos Estados Unidos em 2024/25.

“A perspectiva atual traz um tom ‘baixista’ sobre a próxima safra, mas há tempo suficiente até a colheita para que as condições do mercado e da safra mudem. As lavouras de trigo de inverno nos EUA estão muito melhores do que nos últimos anos, mas o clima daqui para frente pode trazer mudanças relevantes nas perspectivas de rendimento”, destaca, em relatório, Alef Dias, analista da Hedgepoint Global Markets.

E o trigo pode cair ainda mais, já que existe a expectativa de que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos(USDA) reduza na sexta-feira (8) sua estimativa para as exportações dos EUA e aumente a projeção de embarques de concorrentes como Rússia e Ucrânia, pontua, também em relatório, a T&F Consultoria Agroeconômica.

Soja
Sem grandes novidades no mercado da soja, os preços permaneceram praticamente estáveis em Chicago. Os contratos que vencem em maio caíram 0,07%, para US$ 11,4825 o bushel.

Não há mudanças nos fundamentos de oferta e demanda. O avanço da colheita de soja no Brasil impede uma alta expressiva dos papéis futuros, ainda que muitos agentes vejam uma quebra no potencial da safra.

Além disso, a Argentina está prestes a iniciar a colheita da temporada 2023/24, e com mais produto no mercado, mais chances de novas quedas em Chicago. O país deve colher 50 milhões de toneladas nesta safra, duas vezes mais que a produção alcançada no ciclo anterior.

Por fim, agentes parecem resguardar suas posições à espera de dados atualizados sobre a safra na América do Sul, especialmente no Brasil, que serão trazidos pelo Departamento de Agricultura dos EUA.

A aposta média dos analistas de mercado é que o órgão reduza sua estimativa de colheita de soja no Brasil para 152,5 milhões de toneladas, em comparação com 157 milhões no mês passado.

Milho
O preço do milho subiu no pregão desta quarta-feira, mais uma vez pautado por movimentações técnicas. Os lotes para maio fecharam a sessão em alta de 0,59%, a US$ 4,2875 o bushel.

Nos últimos oito pregões, foram quatro momentos de alta para o cereal, que ganhou algum fôlego, mas ainda segue no valor mais baixo em mais de três anos na bolsa, impactado principalmente pelo volume expressivo de oferta nos Estados Unidos em 2023/24.

Fonte: Globo Rural

Deixe sua opinião