A Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) disponibilizou um guia com um passo a passo para o produtor que deseja pedir a renegociação de dívidas depois de sofrer danos com os temporais que atingiram diversas regiões do Estado. A instituição também divulgou os modelos de documentos que devem ser preenchidos e levados aos bancos e instituições financeiras.
Em outubro, o Paraná registrou o maior acumulado de chuvas dos últimos 26 anos. Em alguns municípios, os índices acumulados ficaram acima dos 650 milímetros, quando a média para o período é de 240. As regiões Oeste, Sudoeste, Centro Sul e Região Metropolitana de Curitiba foram as mais atingidas.
Os temporais ocasionaram prejuízos principalmente a produtores que estavam com lavouras de inverno nas etapas finais e também para aqueles que já tinham semeado a safra de verão 2023/24, gerando dificuldades de quitar financiamentos.
Para solicitar a renegociação, o primeiro passo é o produtor rural apresentar um laudo assinado por assistente técnico e um quadro demonstrativo da capacidade de pagamento, com descrição das receitas e dos custos da safra. O guia com a documentação está disponível no site da Faep.
A instituição lembra que a possibilidade de renegociação de dívidas de custeio e investimento está prevista no Manual de Crédito Rural do Banco Central. O conteúdo completo está disponível para consulta na íntegra, gratuitamente, no site do Banco Central.
Colheita de trigo e cevada
No Paraná, outubro é, tradicionalmente, o mês em que os produtores rurais começam a colheita do trigo e da cevada. Como o clima, neste ano, está sob influência do fenômeno El Niño, o manejo das plantações de cereais de inverno já vinha sendo afetado.
A estimativa inicial do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) prevê uma quebra significativa no volume de trigo a ser colhido. Inicialmente, a projeção era de que o Estado produzisse 4,6 milhões de toneladas, mas o número final deve fechar em 3,8 milhões de toneladas.
Também é esperada queda na qualidade, já que os cereais de inverno têm descontos conforme a classificação de grãos feita na entrega. “Somado à quebra, estamos em um momento de preços baixos. A soma de todos esses fatores faz o produtor segurar a venda e já estamos com os armazéns lotados”, explica Ana Paula Kowalski, técnica do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema Faep/Senar-PR.
Ainda de acordo com boletim da Seab, até o fim de outubro, 89% das lavouras de trigo tinham sido colhidas, sendo que 11% ainda estavam por colher. No Boletim do Deral divulgado em 7/11 as lavouras estão classificadas em 23% como boas, 39% como médias e 38% como ruins. Foram registrados altos índices de pragas e doenças como brusone e giberela, umidade excessiva do solo, atraso na colheita, alta umidade dos grãos, e outras adversidades.
Quanto à cevada, a Globo Rural mostrou que a expectativa, antes do aumento da intensidade das chuvas, era de uma produção recorde do cereal nesta safra. A produção estava estimada em 358,6 mil toneladas, um crescimento de 7% em relação à safra passada, segundo a Previsão Subjetiva de Safra (PSS) divulgada no dia 26 de outubro pelo Deral.
As chuvas intensas que atingiram o estado após a divulgação das estimativas, porém, devem comprometer o volume de produção e já afetam a qualidade do grão, segundo analistas.
Fonte: Globo Rural
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