Semanas decisivas para a safra gaúcha de trigo

Setor
26/09/2023

O recrudescimento dos fenômenos climáticos com o aumento da intensidade do fenômeno El Niño coloca os produtores de trigo em alerta. Com mais de 80% das lavouras em floração e enchimento de grãos, o produtor tem na chuva, no calor, no granizo e/ou no vento fatores decisivos à produtividade e à rentabilidade da safra. “É neste período que se define a produção. Se a lavoura veio bem até agora e pega um fenômeno extremo, não tem volta”, explica o assistente de culturas da Emater/RS-Ascar, Alencar Rugeri. De acordo com ele, as lavouras gaúchas do cereal estão em boas condições,  mas todas em uma fase delicada e frágil.

Com cerca de 80% das plantações localizadas na Metade Norte e na Depressão Central do Estado, os agricultores estão apreensivos com a combinação de umidade e calor. “Nessa época, essas condições são muito prejudiciais porque afetam a qualidade dos grãos através das doenças fúngicas, sobre as quais, neste estágio, temos baixo controle”, relata o presidente da Comissão de Trigo da Federação da Agricultura do Rio Grande do SUl (Farsul), Hamilton Jardim. A atenção também está voltada para a incidência de ferrugem.

A grande preocupação, afirma Jardim, está nas condições climáticas adversas nas regiões de plantio mais tardio, como na de Vacaria e na Campanha. Foi o caso de Bagé, neste final de semana, com a ocorrência do incomum temporal de granizo. Contudo, não há, por enquanto, grandes registros de perdas na região. “Se o granizo que caiu no centro de Bagé tivesse atingido as lavouras, não teríamos mais nada. Temos poucos relatos de perdas de trigo até agora”, comenta Thomas Brasil Colvara, responsável técnico da unidade da C.Vale de Bagé. A cooperativa produz entre 60% e 70% dos 8 mil hectares de trigo plantados em Bagé e na região que engloba Hulha Negra, Aceguá, Candiota e Pedras Altas.

Conforme o diretor técnico da Emater/RS-Ascar, Claudinei Baldissera, as últimas perdas agropecuárias da região Sul do Estado serão calculadas a partir desta segunda-feira. “Vamos verificar os danos, mas de modo geral as chuvas vêm se acumulando e retardando a entrada do agricultor nas lavouras”, afirma. Porém, lembra que antes do final de semana as plantações do grão apresentavam boa aparência e se desenvolviam bem.

Segundo Colvara, o cenário favorável se mantém na região de Bagé, principalmente porque o controle de invasoras, pragas e fungos foi antecipado. “Esperamos manter o alto potencial produtivo, pois sabíamos que os meses de setembro e outubro seriam muito chuvosos”, destaca.

A colheita da safra de trigo deve começar a partir da segunda quinzena de outubro. Conforme a Emater/RS-Ascar, apesar do bom desenvolvimento, a cultura já perdeu potencial produtivo em algumas regiões devido aos eventos climáticos. A estimativa, divulgada pela instituição, em junho, é de que o Rio Grande do Sul colha 4,54 milhões de toneladas do cereal, ante a safra histórica de 5,3 milhões de toneladas de 2022, com produtividade 12,6% menor.

Fonte: Correio do Povo

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