Trigo sobe mais de 5% em Chicago após Rússia ameaçar saída do acordo para exportação de grãos

Setor
06/07/2023

Uma nova ameaça russa de romper o acordo de exportação de grãos ucranianos voltou a abalar o mercado de trigo na bolsa de Chicago. Nesta quarta-feira (5/7), os lotes do trigo para setembro, os de maior liquidez, fecharam em alta de 5,06%, a US$ 6,7425 por bushel.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que não pretende renovar o acordo que facilita o embarque de cargas agrícolas da Ucrânia via Mar Negro. O acerto foi firmado em julho do ano passado e deve expirar no dia 17 deste mês.

Como vem acontecendo nos últimos meses, os russos alegam que a Ucrânia não estaria cumprindo sua obrigação dentro do pacto, de enviar seus grãos para as nações mais pobres da África e Ásia.

“O mercado reage aos fatos e neste momento a crença dos investidores em Chicago é de que a Rússia irá romper o acordo”, afirma Luiz Pacheco, analista da TF Consultoria Agroeconômica.

Ainda que o risco do fim do pacto seja o ponto principal para a alta dos preços, o analista acredita que os russos vão concordar com uma nova renovação.

“O trigo é um dos produtos mais importantes para a Rússia, um dos poucos, junto com o petróleo, capaz de gerar divisas. Por isso, acredito que no fim das contas o corredor do Mar Negro deve seguir, mesmo com todas as incertezas que giram em torno dele”, destaca Pacheco.

Ele finaliza lembrando que o quadro de aperto na oferta global justifica também uma alta das cotações do trigo. “O Conselho Internacional de Grãos reduziu em 7 milhões de toneladas sua estimativa para o estoque final global. Sem as ofertas russas ao mercado, o preço estaria em um patamar de até US$ 8 por bushel”, ressalta.

Milho

Já nas negociações do milho, os papéis para dezembro, os mais negociados, caíram 0,25%, a US$ 4,9350 por bushel.

Os preços oscilaram no pregão de hoje, caindo após uma leve melhora nas condições das lavouras americanas. Segundo o Departamento de Agricultura americano (USDA), do total semeado, 51% apresentavam boas e excelentes condições até o último domingo, aumento de um ponto percentual em relação à semana anterior.

Pelo lado da alta, os preços do milho subiram no meio-pregão acompanhando as altas do trigo, que avançaram mais de 5% na sessão de hoje.

Soja

A soja segue em alta na bolsa de Chicago com as chuvas tendo pouco efeito nas lavouras dos Estados Unidos. Os lotes da oleaginosa para agosto fecharam em alta de 0,07%, negociados a US$ 14,6875 por bushel. Essa foi a terceira alta consecutiva.

Nos últimos dias, o registro de chuvas em áreas produtoras do Estados americanos do Nebraska, oeste de Iowa e Missouri criou alguma perspectiva de baixa para os contratos, que estavam no campo negativo no início da sessão. Mas os preços mudaram de direção com os operadores de olho nas condições das lavouras americanas. O índice de plantas de soja em boas ou excelentes condições caiu de 51% para 50%, segundo o USDA.

Além disso, a alta dos preços futuros foi limitada pelos números favoráveis à exportação do Brasil. Segundo a Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec), as vendas externas da oleaginosa atingiram quase 14 milhões de toneladas em junho, aumento de 40% em relação aos envios no mesmo período do ano passado.

Ainda segundo a entidade, as vendas brasileiras devem seguir aquecidas no mercado externo. As exportações devem atingir 9,4 milhões de toneladas em julho, crescimento de 34% na base de comparação anual.

Fonte: Globo Rural

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