O Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral) atualizou as condições de tempo e cultivo no estado, com base no período entre a terça-feira (13) e a segunda-feira (19). No novo boletim, as lavouras de trigo em condição ruim subiram de 16% para 19%, uma piora provocada pelo tempo seco, sobretudo mais ao norte paranaense, e pela ocorrência de geadas mais ao sul.
Durante o início da última semana, o frio teve força no centro-sul do Brasil, o que favoreceu a formação de geadas. Após isso, a partir das quarta-feira (14) as baixas temperaturas perderam força e uma massa de ar quente prevaleceu sobre o país, o que manteve o tempo seco em praticamente todo o Paraná.
Com isso, como indica o Deral, a baixa umidade do solo está acelerando a maturação de grande parte as lavouras de trigo, além de prejudicar a formação dos grãos. As áreas já colhidas têm revelado quebras de produção e o tempo seco não tem permitido a realização de tratos culturais da maneira adequada. Por conta disso, há um aumento na incidência de pragas e doenças.
No estado, as lavouras com piores condições estão localizadas mais ao norte. Na região de Maringá, quase todo trigo está em situação ruim e o restante média. Nas áreas de Londrina, Apucarana, Ivaiporã, Campo Mourão e Jacarezinho a menor parte das plantas têm bom desenvolvimento.
Por meio de vídeo enviado ao programa Tempo & Dinheiro, o produtor rural Mário Teixeira Marinho Neto, do município de Itambaracá, no norte do Paraná, mostrou a condição da sua lavoura de trigo. “Depois que eu plantei esse trigo, dia 11 de abril, teve uma chuva para nascer e duas no decorrer. Um trigo horrível, de 10 a 15 sacas por hectare. Vou passar a máquina porque tem que colher, mas não compensa”, afirmou o agricultor.
Por conta das geadas, no sul e sudoeste do Paraná, as lavouras já mostraram perdas significativas, com espigas embranquecidas. Porém, as plantas ainda serão melhor avaliadas pelos técnicos durante esta semana, quando estarão mais visíveis.
“A maioria concorda que os danos teriam sido muito mais severos se uma chuva tivesse ocorrido antes da onda de frio. Para as áreas que estavam em fase inicial de desenvolvimento, as plantas deverão apresentar uma intensificação no perfilhamento, positiva para a cultura”, informou o Deral.
De maneira geral, lavouras estão satisfatórias no Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, a última semana não foi favorável ao desenvolvimento do trigo por conta da baixa luminosidade, porém as chuvas contribuíram para manutenção da umidade no solo, de acordo com o que aponta a Emater/RS-Ascar. Além disso, o tempo mais frio ajudou o perfilhamento das lavouras em estágio inicial, mas preocupa produtores com áreas em floração.
“A sanidade das lavouras está satisfatória de maneira geral. Há alguma ocorrência de doenças e necessidade de aplicação de fungicidas para controle preventivo. Continua o monitoramento de pragas e doenças. Os produtores realizam adubação nitrogenada em cobertura e aplicação de herbicidas para controle de invasoras nas lavouras semeadas no final do período recomendado, principalmente para controle do azevém”, informou a Emater.
No estado, até a última semana, 92% das lavouras estavam em período de germinação e desenvolvimento vegetativa e 8% em floração, mais lento em comparação com ano anterior, quando era de 85% estavam nas fases iniciais, 13% em floração e 2% em enchimento de grãos.
Produção no Brasil deve ter aumento de 4% em relação à última safra
Apesar dos problemas no Paraná, de fora geral na Região Sul está previsto um aumento de produção em relação ao ano anterior. Como mostrou Élcio Bento, analista da Safras & Mercado, está prevista uma safra de 7.750 mil toneladas de trigo no Sul do Brasil, valor que é 9,15% maior que o de 23/24, que foi de 7.100 toneladas, muito por conta do aumento da produção gaúcha prevista.
Entretanto, em outras regiões do Brasil a produção de trigo deve ser menor que a da última safra. Além de uma redução de área que chega a até 40% na Bahia, estados como São Paulo, Goiás e Minas Gerais não apresentam bom desenvolvimento das lavouras.
“Considerando os estados que não são do Sul do Brasil, com exceção de Goiás e o Distrito Federal, todas regiões tiveram queda de área. Grande parte dos estados perderam área para o milho safrinha, que é um concorrente nessas regiões. Em termos de produção, tivemos uma seca muito forte. Essa seca pegou trigo sequeiro em Minas Gerais, Goiás e São Paulo. Bahia não sofre muito com isso porque todo o trigo é irrigado, Mato Grosso do Sul também vai nessa linha”, explicou o analista.
Com isso, a safra brasileira, apesar de um redução de 14% da área, que passou de 3.415 mil hectares no último ano para 2.940 mil hectares, a produção brasileira deve ser 4% maior, passando de 8.500 mil toneladas na safra 23/24 para 8.795 na 24/25.
Fonte: Notícias Agrícolas
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