Instabilidades geopolíticas acendem alerta no mercado mundial de trigo

Área de imprensa
17/10/2023

Importantes players do setor discutiram o cenário baixista e volátil do cereal ao redor do mundo em webinar promovido pela Abitrigo

 

Considerando a volatilidade e as incertezas do mercado do trigo a nível mundial, a Associação Brasileira da Indústria do Trigo – Abitrigo promoveu, no dia 16 de outubro, um webinar abordando questões relacionadas à safra internacional do cereal, que contou com a presença de importantes profissionais do setor para explicar o cenário atual e as projeções para o futuro.

O consultor estratégico de commodities, Pablo Maluenda, foi o moderador da videoconferência e realizou uma apresentação inicial, trazendo um panorama geral da situação do trigo no mundo. Segundo ele, a Rússia e os conflitos com a Ucrânia, além dos preços europeus, são os principais fatores para o movimento baixista do mercado.

Ainda, Maluenda aponta que há trigo suficiente no planeta, sendo China, Índia e Europa os principais produtores, gerando quase a metade do total produzido internacionalmente. “A Europa passa por um movimento de redução no volume de safra ao mesmo tempo que aumenta as exportações na safra 2023/24. Já na Rússia, a desvalorização da moeda nacional frente ao dólar incentiva as exportações de grãos”.

Na Austrália, o profissional indica que houve uma queda acentuada na produção registrada no biênio atual, dessa forma aumentando os preços do trigo, o que abre espaço para outros países exportarem ao mercado asiático. Na China, os estoques seguem elevados e, mesmo assim, a nação ainda mantém o nível de importações.

Cenário na Argentina

Em território argentino, a produção tenta se recuperar da intensa seca vivenciada na última safra. De acordo com o Presidente do Centro de Exportadores de Cereais, Gustavo Idigoras, ainda existem zonas com umidade insuficiente para a cultura. 57% do cultivo atual apresenta condições normais ou excelentes. Porém, houve crescimento do volume de trigo em condição crítica ou regular. A produção esperada é de 16,2 milhões de toneladas, a partir de dados a Bolsa de Cereales de Buenos Aires.

“O Brasil continuará como o principal cliente do cereal argentino, cujo total destinado às vendas externas chega às 10 milhões de toneladas para 2023/24. Outro mercado que a Argentina busca ser competitiva é o sudeste asiático, especialmente a Indonésia, tendo também estabelecido um protocolo fitossanitário de exportação à China”, explica Idigoras.

Estados Unidos: aumento da produção

O Diretor Regional da U.S. Wheat Associates, Miguel Galdós, apresentou a situação do cereal nos Estados Unidos. O aumento projetado de volume produzido para o biênio atual é de cinco milhões de toneladas, totalizando uma produção de 49,3 milhões de toneladas.

“Estima-se que haverá aumento no volume tanto do trigo de inverno quanto de primavera. Além disso, o país registrará um aumento nas importações. Esses fatores justificam a elevação dos estoques finais norte-americanos em 2,6 milhões de toneladas do cereal”, reforça Galdós.

Trigo uruguaio: Brasil é principal comprador

Em relação ao Uruguai, a Coordenadora da área de cadeias agroindustriais da Oficina de Programación y Política Agropecuaria (OPYPA), Catalina Rava, a produção local é projetada em 1,2 milhão de toneladas em 2023/24. Mesmo com a baixa nos preços dos insumos, a condição econômica para os produtores não foi favorável.

“Hoje, o trigo está no campo, com estado sanitário excelente. A principal preocupação atual é a chegada do fenômeno El Niño, que provocaria um aumento nas chuvas. Na última safra, foram exportadas 680 mil toneladas do cereal. O Brasil foi o principal comprador, porém não foram realizadas as tradicionais vendas ao norte da África”, pontua Catalina.

Paraguai: chegada ao Chaco

A principal área produtora de trigo no Paraguai está localizada próxima ao Brasil, em especial ao Paraná. Porém, foi registrado um desenvolvimento inicial da cultura na região do Chaco. Com 100% da área colhida, a estimativa de volume produzido é de 1,1 milhão de toneladas.

“A produtividade fica na casa dos 2,1 mil kg/ha em solo paraguaio. 75% das variedades cultivadas são estrangeiras e o saldo exportável registrado no país é de 180 mil toneladas, sendo o Brasil o principal destino”, salienta o CEO da Paragrain, Guido Vera.

A transmissão pode ser revisitada na íntegra pelo link: https://www.youtube.com/live/xSY_c93mGGk?si=lTL9P4vv2JjLvNFC

Safra Nacional

Seguindo as discussões sobre o contexto global, a Abitrigo promove, no dia 17 de outubro, às 14h, o webinar Safra Trigo Nacional, trazendo aos espectadores informações relevantes sobre o status atual do cereal no Cerrado e nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A videoconferência ocorre também no canal do YouTube da Associação.

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