Trigo é boa opção na safrinha do Paraná

Setor
01/04/2021

Uma nota técnica assinada por especialistas do Departamento de Economia Rural (Deral)  e do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) aconselha os produtores a plantarem trigo com a impossibilidade de semear o milho segunda safra no período de 2020/21.

A sugestão é feita porque o atraso da colheita da soja devido a problemas climáticos, como a seca no começo do plantio e a chuva na colheita, atrasou o plantio da safrinha na maioria das áreas do Paraná. Houve maiores atrasos nas regiões Sudoeste, Oeste e Norte. Para que o cultivo de milho não fique fora do prazo estabelecido pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), os órgãos recomendam  o cultivo de cereais de inverno, como o trigo.

O Brasil consome anualmente 11,8 milhões de toneladas de trigo, porém produz cerca de 6,2 milhões de toneladas, sendo o estado do Paraná o principal produtor, contribuindo com 50% da produção nacional. Para atender o consumo interno é necessário importar trigo, de modo que em 2020 o Brasil importou 6,8 milhões de toneladas, acarretando o envio de recursos financeiros escassos para o exterior, os quais deixam de ser utilizados no Brasil e na cadeia produtiva deste importante cereal de inverno.

Considerando que a área cultivada com a soja no Paraná é de aproximadamente 5,5 milhões de hectares e que no inverno o milho segunda safra ocupa 2,28 milhões de hectares e o trigo apenas 1,12 milhão de hectares, fica evidente que a área de trigo ou de outros cereais de inverno, como a aveia e o triticale, poderia ser significativamente expandida em detrimento do pousio.

A triticultura se encaixa perfeitamente no período de abril a outubro no Estado, dependendo da região de cultivo, em sucessão à soja. Outro fator que conta a favor é a rotação de culturas. Os benefícios da palhada do trigo no solo vão desde a proteção contra a erosão, a manutenção da umidade, a redução da temperatura do solo, favorecendo os processos biológicos como o crescimento de raízes e a fixação do N, e a redução da população de plantas daninhas.

Some-se a isso a possibilidade de um retorno financeiro de exceção, uma vez que desde 2007 a cultura do trigo não apresentava uma rentabilidade tão alta: 49% considerando os custos variáveis estimados em novembro de 2020 pelo Deral. Essa lucratividade é estimada com os preços recebidos de R$76,00 a saca em várias praças paranaenses ao longo de fevereiro de 2021, porém é preciso lembrar que estamos em um período de entressafra, e que esse nível de preço deve ter dificuldade de se sustentar com a entrada da safra, em setembro.

Disto, deriva a importância de travar os preços de ao menos parte da produção, se possível, tentando aproveitar o momento tanto de apreciação do câmbio quanto das cotações internacionais.

Outro fator econômico que deve ser levado em consideração é o possível ganho de produtividade na soja cultivada em sucessão ao trigo, pois a oleaginosa também vem registrando cotações bastante remuneradoras.

O estado do Paraná é dividido em três grandes macrorregiões em relação a adaptação e indicação de cultivares de trigo;

Região 1: Centro-Sul, fria e úmida, com clima temperado e altas altitudes, representada por Ponta Grossa, Irati e Guarapuava; Semeaduras indicadas para os meses de junho e julho;

Região 2: Central, moderadamente quente e úmida, intermediária em clima e altitudes, representada por Campo Mourão, Cascavel e Pato Branco; Semeaduras indicadas para os meses de abril a junho;

Região 3: Norte/Oeste. Quente e moderadamente seca, com clima subtropical e baixas altitudes representada por Londrina, Maringá e Palotina. Semeaduras indicadas de abril a maio.

Optar pelo cultivo de trigo dentro do zoneamento evita risco econômico excessivo. O Seguro Rural é uma ferramenta de gestão de riscos para o agricultor, pois permite a recuperação do capital investido em caso de adversidades climáticas. Uma das ferramentas para viabilizar o seguro rural é o ZARC, ou seja, caso o empreendimento seja instalado fora das definições do ZARC, estará desamparado de seguro.

O IDR-Paraná, por meio de seus Projetos de Melhoramento Genético, desenvolveu várias cultivares de trigo e estão disponíveis para os agricultores as seguintes cultivares: IPR 144 (trigo panificador, com moderada resistência a ferrugem da folha e a brusone); IPR Potyporã (cultivar de ampla adaptação, com qualidade panificadora e altamente produtiva, sendo que alguns agricultores na safra 2020 obtiveram produtividade média de 6.370 kg/ha e peso de mil sementes de 39g); IPR Panaty (cultivar produtiva, com qualidade panificadora e com cor de grão branca); IPR Catuara (trigo melhorador de farinhas e excelente desempenho nas regiões mais quentes do Paraná).

Fonte: Agrolink

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