Produção de grãos do Rio Grande do Sul deve aumentar em 28,4%, diz Farsul

Setor
10/12/2020

O Sistema Farsul divulgou nesta quarta-feira, 9, uma projeção de 28,4% na produção de grãos na safra 2020/2021, com colheita estimada em 33,9 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul. Esse aumento é uma recuperação parcial após o ciclo frustrado de 2019, quando uma severa estiagem atingiu o estado e deixou um prejuízo de mais de 8 milhões de toneladas no campo.

A projeção indica que a soja deve aumentar a produção em 75,8%, para 19,8 milhões de toneladas, e uma alta de 15,3% no volume do trigo é esperada para o próximo ano. Por outro lado, o milho deve sofrer com uma segunda segunda seca e reduzir a produção para apenas 3 milhões de toneladas, 28% menos em relação à safra anterior e 47% abaixo de 2018/2019.

Apenas em 2020/2021, a expansão das lavouras deve chegar a 3%, puxada pelas lavouras de soja, milho, arroz e trigo. Na última safra, a área plantada já havia subido 3,5%.

“O produtor está acreditando como nunca na sua atividade. Não vivemos desse passado recente, mas da perspectiva de mercado para 2021, que é excelente para todos os produtos do agronegócio”, afirma o presidente da Farsul, Gedeão Pereira, que acredita que os números demonstram a superação do setor em relação aos impactos das perdas de 2019/2020.

Estiagem severa

Para o coordenador da Comissão do Meio Ambiente da Farsul, Domingos Lopes, o grande problema do estado é a má distribuição de chuva e, por tanto, o investimento na irrigação deveria ser estimulado. “O problema é que o produtor sequer dá entrada nos pedidos. Ele tem consciência de que não vai obter a licença porque não vai conseguir cumprir a legislação ambiental”, relata.

Para amenizar os impactos da seca, os produtores da metade norte tentam fazer pequenas intervenções em Áreas de Preservação Permanente para reservar água, mas a legislação considera que ações nesses locais só podem ocorrer por interesse social ou utilidade pública, dando margem para interpretação contrária.

Já na metade Sul, os agricultores ainda convivem com o impasse de uma ação civil pública do Ministério Público que não considera as atividades pecuárias como antrópicas e exige 20% da área do imóvel como Reserva Legal no Bioma Pampa, apenas com campo nativo, o que também desmotiva o investimento.

De acordo com o economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz, o prejuízo econômico foi um dos piores, superando os da secas de 2005 e 2012. “Perdemos mais de 8 bilhões de toneladas, em boa medida porque não podemos irrigar, e assim deixamos de gerar crescimento, PIB e empregos”, afirma.

Em meio a esse cenário, a Farsul reafirma urgência de reformas para enfrentar dois grandes problemas: o crescimento abaixo da média mundial e graves problemas fiscais. Só em outubro, o déficit primário do País era de R$ 692,8 bilhões, segundo dados do Banco Central. Esse resultado reflete o fato do Brasil ter sido um dos países que mais gastou na pandemia, e que ao mesmo tempo perdeu 9,8% em receitas neste ano.

A crise também afetou a dívida pública, chegando em R$ 3,91 trilhões. Antônio da Luz alerta para os desdobramentos desse descontrole, que incluem hiperinflação, novos desequilíbrios cambiais e dificuldade para a rolagem de dívida.

Diante disso, a entidade manifestou apoio ao Projeto de Lei 260/2020, de autoria do Executivo e que deve ser votado na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul até o final do ano. De acordo com o diretor da Farsul Domingos Lopes, o projeto nivela a legislação estadual com a federal e traz competitividade ao agronegócio, sem causar nenhum dano.

Apesar dos impactos causados pelo coronavírus, o superintendente do Senar-RS, Eduardo Condorelli, valorizou os resultados do Senar-RS em um ano atípico. A entidade conseguiu implantar projetos como a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), com cerca de 3 mil produtores atendidos mensalmente hoje, além de investir em temas transversais, programas de inovação como o AgroUp e eventos semipresenciais.

Para o próximo ano, o Senar-RS pretende chegar a 12 mil produtores com a ATeG, além de disponibilizar polos de ensino presencial para os cursos de nível superior na Faculdade CNA.

Fonte: Canal Rural

Deixe sua opinião