Principais tendências e desafios do setor durante a pandemia são debatidos durante videoconferência

Abitrigo
15/05/2020

Com o objetivo de debater os impactos da Covid-19 na cadeia do trigo, a Abitrigo promoveu uma videoconferência aos seus associados e profissionais do setor, na tarde de 14 de maio. A reunião online teve como convidados os sócios-lideres da KPMG no Brasil, que discutiram o cenário atual do grão no mercado, as perspectivas de consumo, além das oportunidades de monetização na função TAX.

Com a moderação do presidente-executivo da Abitrigo, Rubens Barbosa, a apresentação se iniciou com uma análise feita pelo sócio-líder de Consumo & Varejo da KPMG no Brasil, Fernando Gambôa sobre os efeitos da Covid-19 em diversos setores.

Em seguida, a sócia-líder de Agronegócios da empresa, Giovana Araújo apresentou os maiores impactos do coronavírus no agro que precisam ser levados em consideração neste momento de instabilidade. “No caso do trigo, podemos verificar que existem processos de restrições e suspensões de exportações por países produtores, como Rússia, Cazaquistão, Sérvia e Romênia, o que pode causar preocupação com a garantia do abastecimento doméstico e ter impacto sobre a oferta global”, pontuou. Outro ponto levantado foi a desvalorização do real frente ao dólar, que encarece o produto importado e estimula o aumento do blend como produto nacional, o que traz desafios para a qualidade do produto final.

Giovana ressaltou a posição da Argentina que continua como principal fornecedora de trigo para o mercado brasileiro. Apesar da situação econômica do país e da crise do coronavírus, o grão foi a commodity que teve uma melhor performance de preço desde o começo da pandemia na Argentina, segundo relatório preliminar da Bolsa de Cereais, que estima um aumento de 1,5% da área plantada para a próxima safra (2021/2021).

Para Rubens Barbosa, presidente-executivo da Abitrigo, uma das principais preocupações para o setor é a busca por fontes alternativas de fornecimento de trigo. “Estamos em contato diretamente com o governo para permitir a compra do grão de outras origens fora do Mercosul sem a TEC para não encarecer ainda mais o produto”, ressaltou.

Consumo

Em relação ao consumo durante a pandemia, o sócio-líder do setor de Bebidas e Alimentos e de Varejo da KPMG no Brasil, Paulo Ferezin sinalizou que houve mudanças nos hábitos dos consumidores. “Ao se tratar do varejo de produtos derivados do trigo, podemos identificar uma redução da frequência dos clientes às padarias, mas notamos um aumento na movimentação de supermercados. Pães industrializados, massas e biscoitos continuam sendo procurados pelas pessoas por serem produtos acessíveis”, afirma.

De acordo com Ferezin, o canal tradicional das panificadoras deve focar em medidas de varejo seguro e em ações rápidas de recomposição de caixa, que permitam acelerar o processo de retomada. Ele recomendou que a indústria de farinhas foque em apoiar o canal tradicional em suas necessidades para essa retomada.

Créditos tributários

A Gerente Sênior de Tributos Indiretos da KPMG no Brasil, Ana Palma mostrou o atual cenário tributário do Brasil aos participantes da videoconferência. Ela explicou que a definição de insumos de PIS e Cofins deve ser avaliada caso a caso. “Os insumos para uma indústria e para o prestador de serviços são outros. Por isso é preciso levar em consideração a essencialidade e a relevância”, diz.

“Um ponto bastante importante e relevante para a área de transformação, principalmente de alimentos, é a possibilidade de crédito de PIS e Cofins sobre insumos pós processo produtivo. As despesas decorrentes de imposição legal são consideradas passíveis de aproveitamento de crédito”, salientou Ana.

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