Panorama econômico é destaque de videoconferência com economista José Roberto Mendonça de Barros

Abitrigo
13/04/2020

O cenário econômico brasileiro e as perspectivas do agronegócio após a COVID-19 foram os temas da conversa entre associados da Abitrigo e o economista José Roberto Mendonça de Barros, promovida por videoconferência na quinta-feira, 09/04. A mediação foi feita pelo presidente-executivo da Abitrigo, Rubens Barbosa.

Ao início do encontro online, o economista apresentou um panorama da situação econômica, ressaltando que o país sofrerá uma grande recessão, mas que não será um fenômeno exclusivo do Brasil, pois será sentido em todo o mundo. “É difícil estimar um número para a queda, mas o que podemos afirmar é que a taxa de crescimento de todos os países será afetada por este momento de parada súbita global”, explicou.

Mendonça de Barros analisou que o momento exige ações rápidas do Governo como aumentar os gastos com saúde e com os mais vulneráveis, garantindo um mínimo de renda familiar e emprego visando auxiliar a economia com olhar atento para o combate ao coronavírus.

“Ao meu olhar, as coisas estão indo bem neste ponto. Temos medidas como o auxílio emergencial que já está em funcionamento. O maior desafio, que seria como cadastrar mais de 35 milhões de autônomos, já está andando. Isso foi uma surpresa bem positiva”, destacou.

Outra ação positiva foram as MPs que autorizaram a flexibilização das leis trabalhistas, que permitem uma reavaliação das despesas de empresas a fim de garantir a saúde econômica durante a crise.

 

Inadimplência

“Vamos conviver com uma maior inadimplência”, sentenciou Mendonça de Barros, explicando que nos últimos meses, mesmo antes da crise, um conjunto razoável de empresas já caminhava com um balanço bem delicado e, um “tranco” como este na economia expõe as companhias a uma inadimplência ainda mais elevada.

 

Dólar

O economista acredita que o câmbio da moeda americana não irá caminhar para os R$ 5,50 ou R$ 6, mas também não visualiza que fique abaixo da casa dos R$ 5 a curto prazo, devido ao alto grau de incerteza do mercado e à grande volatilidade.

Para ele, a mudança na taxa de câmbio vai caminhar junto com a curva da pandemia no país. “Vamos precisar esperar a curva se nivelar para poder projetar melhor o comportamento do dólar. Podemos tomar como base os demais países, que já estão conseguindo equilibrar esses índices. Nós mal começamos a subir o morro”.

 

Agronegócio

O economista destacou o agronegócio como o segmento do mercado que, por méritos próprios, sofrerá menor abalo com a pandemia. “De longe, este é o setor com mais resistência e mais competitivo no cenário brasileiro. Tem se mantido constante nos últimos 40 anos e podemos dizer que as previsões são de um pequeno crescimento ainda este ano”.

Ele deu como exemplo as exportações, as quais, em boa parte, já foram negociadas e travadas com um câmbio muito bom para o setor.

 

Setor de alimentos

Mendonça de Barros afirmou que a recuperação da economia será um desafio gigante para toda a sociedade. “Hoje estamos tomados pelas medidas de curto prazo, que visam reações rápidas do mercado. O difícil será depois”.

Ele ressaltou, porém, que não vê problemas mais significativos para o setor de alimentos, além de um ajuste inicial. “O mundo vai sofrer mudanças após essa pandemia. Sentiremos uma mudança forte no comportamento do consumidor quanto ao grau de sofisticação do produto, pois, com o orçamento mais apertado, as famílias vão passar a migrar para marcas mais baratas, mas não vão parar de consumir”.

“Acredito que o maior desafio deste setor era a questão de logística para abastecimento, mas podemos dizer que foi vencido no início do período da quarentena. Não vejo riscos de desabastecimento e de falta de produtos. O cenário será desafiante sim, mas não acredito que teremos problemas ainda maiores para o setor”, concluiu.

Ao ser questionado sobre quem pagará a conta da reconstrução do Brasil, o economista afirmou “todos vamos”, mas ressaltou que o principal ponto desta reconstrução será a mudança nas estruturas de empresas e do setor público. “Vamos registrar uma mudança considerável na infraestrutura das companhias, com menos espaços físicos e mais opções de teletrabalho, por exemplo. O importante é que o crescimento da produtividade seja uma prioridade nacional!”, finalizou.

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