Padarias sentem reflexo do aumento no preço da farinha

Setor
05/05/2022

O clima se tornou um dos agravantes para o aumento do preço do trigo, além da guerra entre Rússia e Ucrânia que representam 30% de toda exportação mundial, é o que explica o gerente de relacionamentos da hEDGEpoint Global Markets, Roberto Sandoli Jr.

Segundo ele, tais fatores potencializaram o aumento do preço do trigo que deve seguir firme. “Algumas regiões dos EUA registraram uma seca, então tiraram um pouco de trigo da exportação, sendo os Estados Unidos um grande exportador. Hoje os mercados caíram um pouco, porque choveu alguma em algumas regiões, mas a previsão é de que pode melhorar”, pontua.

Roberto salienta que o Brasil não produz trigo suficiente para seu sustento, assim necessita importar. “Na safra passada o Brasil produziu em torno de sete milhões e meio, mas o país tem um consumo de 12 milhões e meio no total, então normalmente importa de 40 a 60% de toda a demanda”, disse.

Nesse sentido, o gerente de relacionamento detalha que uma grande parte do trigo vem importado da Argentina que compete com os mercados asiáticos e africanos. “O que faz com que a correlação de preços seja muito grande, assim, normalmente, o preço do trigo nacional é balizado pelo mercado mundial e a qualidade de importação”.

“Em relação ao preço daqui do Brasil, a gente pode considerar que mais ou menos ali em dezembro estava em torno de R$ 1.600,00 a tonelada do grão, aí chegou a uns picos próximos de dois mil reais. Só nesses primeiros meses do ano teve um aumento de 25% no preço do trigo nacional”, enfatiza Roberto.

“Quando você tem um trigo nacional entrando em agosto e setembro, é normal ter um ajuste de preço, o mercado dá uma assimilada na nova safra. Então talvez caia de dois mil reais para R$ 1.800 a tonelada, é difícil cravar um número”, acrescenta.

Reflexos nas padarias
O dono da padaria Papa Tutti de Passo Fundo, Marcos Vinícius da Silva, conta que estão tendo muita dificuldade devido ao alto preço do trigo e, consequentemente, da farinha. “Não estamos conseguindo repassar todos os aumentos e acabamos por reduzir o lucro para poder vender”, frisa.

Além disso, Marcos observa que a matéria prima nos últimos cinco anos aumentou mais de 100%. Por exemplo, o pão de forma que antes era vendido por R$ 5,00 agora está sendo vendido por R$ 7,00 em sua padaria.

“Com o pouco que conseguimos repassar nos preços já foi o suficiente para espantar os clientes. Imagina se tivesse repassado todos os aumentos que vem acontecendo”, avalia Marcos.

Segundo ele, a solução é procurar por farinhas que estão em promoção. “Muitas vezes não encontramos e acabamos comprando pelo alto valor, o que acaba reduzindo a margem de lucro”, conclui o proprietário.

Para Roberto, o reajuste no preço da farinha acabou se tornando bem menor do que o do trigo, contudo isso só aconteceu pelo fato do mercado consumidor acaba não conseguir absorver esse aumento.

“Se subir muito o preço da farinha, você não tem uma demanda que absorva, então as altas tem que ser devagar e de acordo com o mercado. Ele vai assimilando as altas e gera novas altas”, finaliza.

Fonte: Diário da Manhã

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