Economia cresceu 0,7% em maio, diz Monitor do PIB, da FGV

Coronavírus
16/07/2020

O Monitor do PIB, da Fundação Getulio Vargas (FGV), aponta crescimento de 0,7% da atividade econômica em maio, na comparação com abril, na análise da série dessazonalizada. No trimestre móvel, a atividade registrou retração de 10,5%, em comparação ao trimestre móvel findo em fevereiro. Na comparação interanual a economia retraiu 13,3% em maio e 9,4% no trimestre móvel findo em maio.

“Apesar do crescimento de 0,7% frente a abril, ainda é cedo para afirmar que este resultado indica uma retomada da economia tendo em vista que falta ainda muito para recuperar a enorme perda acumulada de 13,9% registrada nos meses de março a abril deste ano. Cabe ressaltar que a situação da economia é ainda muito frágil e mesmo com o crescimento observado em maio, a economia encontra-se em patamar 13,2% abaixo do que apresentava em fevereiro”, diz Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB.

Segundo a FGV, a economia começou, em maio, a dar sinais de que o pior momento da crise econômica ocasionada pela pandemia de covid-19 ocorreu em abril, quando a atividade econômica recuou 9,3%, em comparação a março.

Os componentes do PIB que foram mais impactados pela atual crise também mostram trajetória semelhante de queda e ascensão. As atividades de outros serviços e a construção, entretanto, ainda caíram em maio, apesar de apresentarem taxas menos negativas do que as de abril (-0,9% e -1,5%, respectivamente).

Claudio Considera lembra que o fato de abril ter sido considerado o fundo do poço na atividade econômica faz com que taxas positivas surjam em maio, influenciadas por efeito estatístico, por uso de base de comparação baixa.

No entanto, ele comentou que, nem mesmo saldo positivos em maio impedirão recuo expressivo do PIB do segundo trimestre, devido à pandemia. O boletim Macro do Ibre, Instituto Brasileiro de Economia da FGV, projeta queda em torno de 8% no PIB do segundo trimestre, lembrou o especialista.

Outro alerta na pesquisa do Monitor, comentou ele, são os sinais de intensa volatilidade na atividade econômica em maio. Considera informou que há exemplos de quedas e de aumentos em diferentes setores – o que, na prática, evidencia ausência de tendência clara e unificada para a economia. Isso torna também mais difícil fazer previsões para o andamento do PIB nos próximos trimestres.

Como exemplos de sinais positivos dentro da economia em maio, na comparação com maio do ano passado, o especialista citou altas em intermediação financeira (6,2%); agropecuária (1,2%) e serviços imobiliários (0,9%).

Em contrapartida, o Monitor mostra quedas ainda profundas em setores chave da economia, como outros serviços (-24,6%); indústria da transformação (-29,3%) e construção (-14,3%), na mesma comparação. “E é claro o que está positivo tem muito menos peso na atividade econômica”, disse, lembrando que serviços tem a maior participação na formação do PIB.

O técnico chamou atenção ainda para o andamento do consumo das famílias, que norteia a demanda por serviços – e, no Monitor, mostra queda de 10,1% no trimestre móvel finalizado em maio, ante igual período em 2019. Em maio ante maio, o consumo das famílias cai 13,4%, acrescentou ele.

“Antes da pandemia, o que sustentava nossas altas de PIB em torno de 1% [ao ano] era o consumo das famílias e serviços. A economia crescia com base nisso” lembrou ele.

Na avaliação do técnico, somente quando houver recuperação sustentável em consumo das famílias, pelo lado da demanda; e de serviços pelo lado da oferta, pode-se falar em retomada da economia. O economista recomendou que o governo continue as medidas já anunciadas, de disponibilizar auxílio emergencial que visa compor renda de menos favorecidos, durante a crise. Mas alertou que, para permanência de consumo no longo prazo, é preciso melhora sustentável no emprego, fortemente prejudicado em meio à crise iniciada por covid-19.

Fonte: Valor Econômico

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