O cenário de oferta de trigo no Brasil e na Argentina ainda é muito incerto. Segundo o analista de Safras & Mercado, Elcio Bento, em painel durante a oitava edição do Safras Agri Week, os preços internacionais interromperam a trajetória da tendência de queda e passaram a subir.
Isso deve-se à queda dos estoques globais. A relação estoque-consumo, excluindo a China, está no menor nível desse a temporada 2007/08, e é uma das menores nos últimos 60 anos. Além disso, há quebras importantes na Europa e nos países da Região do Mar Negro. Ainda assim, a Rússia segue agressiva no mercado exportador. Mas Bento acredita que “na entressafra, o cobertor pode ficar curto”.
Em meio a isso, a safra da Argentina sofre com a seca e, no Brasil, a paranaenses foi castigada pela seca e por geadas, além de ter perdido área para o milho safrinha. Bento chamou a atenção para a incerteza climática com a sinalização de excesso de chuvas no Rio Grande do Sul em outubro, período de colheita.
Por isso, “o cenário interno ainda é de cotações mais achatadas. Mas, para a entressafra, vemos uma recuperação dos preços aqui no Brasil”, disse o analista.
Ele explica que o potencial produtivo para 2024 no Brasil era de 9,5 milhões de toneladas. Agora as projeções giram em torno de 8 milhões. O Paraná, principal responsável pela queda, deverá buscar trigo para moagem em outras origens. Uma opção seria o Rio Grande do Sul, que normalmente tem excedente em relação a seu consumo. O produtor gaúcho, por sua vez, olha para o mercado interno do estado, para o internacional e para o do Paraná.
“Se mantendo a situação, é interessante falar sobre as chuvas. Talvez elas não sejam tão intensas. Mas em caso de queda na safra gaúcha, o RS deixa de ser uma alternativa para o Paraná, obrigando a importação”, analisou.
Apesar da quebra na safra, o momento é de entrada de oferta. Os preços, portanto, se acomodam. Em meio às incertezas, Bento acredita que os preços estejam tocando o fundo. “A partir da acomodação da safra, a partir de fevereiro, devemos ver uma força de recuperação mais intensa”, projetou. “Difícil é dizer até onde os preços podem chegar”, ponderou.
Fonte: Safras & Mercado
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