Cotações do trigo em alta

Setor
29/09/2020

As cotações do trigo em Chicago, após baterem em US$ 5,75/bushel no dia 18/09 (a mais alta cotação desde o dia 25 de março passado), o mercado cedeu e o primeiro mês cotado fechou a quinta-feira (24) em US$ 5,49/bushel, contra US$ 5,56 uma semana antes.

A colheita do trigo de primavera nos EUA atinge a 96% da área até o dia 20/09, enquanto o plantio da nova safra de trigo de inverno chegava a 20% da área prevista, contra a média histórica de 19% para esta data. Em termos de exportações, os EUA registraram 351.200 toneladas na semana anterior, ficando o volume dentro do esperado pelo mercado. O maior comprador foi a Coreia do Sul.

Vale ainda destacar que a África do Sul, segundo maior produtor de trigo do continente africano, deverá colher a sua maior safra do cereal em uma década, graças ao clima positivo. A mesma atingirá a 2 milhões de toneladas, com aumento de 28% sobre a safra anterior. Com isso, os sul-africanos importarão menos trigo neste ano comercial, após 1,8 milhão de toneladas compradas no ano anterior. (cf. Dow Jones Newswires) Ainda no continente africano, o Egito, através de sua agência estatal Gasc, comprou 405.000 toneladas de trigo russo, com entrega entre os dias 21 e 30 de novembro próximo. Já incluindo o custo de frete, o preço variou entre US$ 255,90 e US$ 256,55/tonelada. O Egito é o maior importador individual de trigo do mundo, sendo que suas compras tendem a balizar as cotações internacionais do cereal, juntamente com a Bolsa de Chicago.

Aqui no Brasil, com a colheita avançando no Paraná e novas geadas ocorrendo no Rio Grande do Sul, os preços se mantêm firmes. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 58,05/saco, enquanto no Paraná o produto esteve cotado entre R$ 65,00 e R$ 66,00/saco. No Rio Grande do Sul, novas geadas devem ter aumentado os prejuízos em algumas regiões, devendo provocar uma quebra de safra maior no Estado, sem falar na qualidade do grão. Por enquanto, ainda não se tem uma dimensão exata das quebras ocorridas no Estado gaúcho. Além disso, está ocorrendo ferrugem linear nos trigais gaúchos, aumentando o problema segundo a Embrapa Trigo. A colheita neste Estado inicia no final de outubro.

No Paraná a colheita avança, chegando perto de 20% da área total, havendo igualmente quebra devido às geadas do final de agosto. Entretanto, ainda não se tem a dimensão exata dos prejuízos em volume e qualidade. Em valores CIF a tonelada de trigo pão no Paraná, com entrega nos moinhos, está ao redor de R$ 1.200,00 (R$ 72,00/saco). Nas propriedades o preço fica em torno de R$ 69,00/saco para o produto de melhor qualidade. Já no Rio Grande do Sul, diante de moinhos abastecidos e no aguardo da nova colheita, os preços nominais da tonelada CIF porto de Rio Grande giram em R$ 970,00 (R$ 58,20/saco). Cerca de 30% da safra já teria sido vendida antecipadamente.

Mesmo com a quebra de safra, a pressão da colheita começa a reduzir os preços internos, embora a nova disparada do câmbio nesta semana encareça ainda mais as importações. Enfim, após o Ceará, é o oeste baiano que espera expandir sua área de trigo para 20.000 hectares nos próximos anos. É o avanço do que se está chamando de tropicalização do trigo no Brasil. Em grande parte da região Nordeste o trigo é plantado sob regime de irrigação, em rotação com a soja, o milho e o algodão. Regiões da Bahia deverá colher, neste ano, 17.000 toneladas do cereal, com uma produtividade média de 5.660 quilos/hectare ou 94,4 sacos/hectare, superando de longe a média nacional que é de 2.900 quilos/hectare, ou seja, 48,3 sacos/hectare. Segundo a Embrapa Cerrados há produtores que chegam a produzir 116 sacos/hectare de trigo, com variedades mais modernas e irrigação. O clima em geral é positivo na região, com temperaturas elevadas durante o dia e amenas à noite, dias com alta luminosidade e altitudes que variam de 600 a 1.000 metros. Tais fatores não só ajudam na produtividade como também na qualidade industrial dos grãos. Ainda na Bahia, o PH do trigo ali colhido tem variado entre 82 e 85.

Mas nem tudo ainda é rosas no mercado nordestino. O principal gargalo se encontra na comercialização, já que os moinhos mais próximos das regiões produtoras ficam de 50 km a 1.000 km de distância. Como sempre no Brasil, a logística é o entrave para o avanço ainda mais significativo do agronegócio nacional em geral.

Fonte: Agrolink

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