Como estruturar o ambiente de trabalho pós-covid 19

Coronavírus
04/06/2020

Dois meses e meio após o início da quarentena no Brasil, empresas anunciam o plano de estender o home office até o fim do ano, enquanto outras planejam o retorno gradual de seus funcionários aos escritórios. É para este segundo grupo que a Herman Miller foca em um novo estudo. A análise “Workplace strategy insights for Covid-19 and beyond” reúne cases de companhias no exterior que modificaram a estrutura física dos escritórios e criaram protocolos de limpeza e de trabalho.

“É necessário tomar um conjunto de ações para garantir não só a segurança exigida pelos órgãos de saúde, mas também a percepção dos próprios funcionários. Eles precisam se sentir seguros de retornar ao trabalho”, diz Maria Paula Zajar, gerente de portfólio da América Latina e Caribe da Herman Miller. É para gerar essa percepção, diz a executiva, que muitas empresas têm optado por instalar painéis ou divisórias altas, com vidros, entre as mesas dos funcionários. “Na nossa análise, citamos um estudo da Universidade Aalto, da Finlândia, que indica a ineficácia das divisórias para evitar o contágio. Mas temos visto com nossos clientes, que essa instalação trabalha mais a psicologia do distanciamento. Ajuda a criar comportamentos e hábitos que precisam mudar para que a interação presencial seja viável”, diz Maria.

Entre ações específicas voltadas a evitar o contágio no escritório, a executiva afirma que a Herman Miller se baseou nas pesquisas científicas recentes, órgãos de saúde, e em dados de clientes que atuam nas áreas hospitalares. “O que vimos é que práticas de higienizações contínuas, de duas a três vezes por dia, são eficazes. Além disso, conceder kits individuais aos funcionários, com álcool, água sanitária, pano, e a indicação de que eles devem cuidar da limpeza da estação de trabalho aumenta em até 85% a proteção”.

Entre as estratégias de curto prazo sugeridas, baseadas nas orientações de organizações de saúde, estão a eliminação do uso de mesas compartilhadas, a obrigação do uso de máscaras, o lembrete constante para que as pessoas lavem as mãos, a implementação de horários flexíveis, o aumento da ventilação e das entradas de ar externo e a reorganização para que os funcionários sentem a dois metros de distância.

Há uma referência direta a um relatório da Johns Hopkins University com a American Enterprise Institute (AEI) com diretrizes para mitigar o risco de contágio no ambiente de trabalho. Uma delas defende que a estratégia de comunicação clara e transparente é fundamental para esse retorno. “Os líderes devem reconhecer onde existem incertezas e destacar o que está sendo feito para reduzi-las. E é necessário que tenham compreensão e empatia do impacto de suas decisões, envolvendo a reabertura, nas pessoas que lideram”, diz o relatório, que afirma que o modo como a comunicação é feita determinará a adesão das pessoas e a maior segurança coletiva.

Nas estratégias de longo prazo, a Herman Miller defende repensar o uso do espaço físico considerando que as experiências virtuais e de trabalho remoto em alta adesão permanecerão. “Saindo da crise, sua organização pode ver que faz sentido manter algumas equipes remotas. Caso contrário, é provável que seus stakeholders prefiram. Isso resultará em menos reuniões pessoais e em videochamadas que mesclam pessoas nas empresas remotas”, diz a análise.

Essas novas formas e tipos de interação deverão levar as empresas a repensar métricas de produtividade e engajamento e motivação de seus times, analisa Maria, citando que as empresas que estão retornando no exterior o fazem com até 50% da mão de obra. “Métricas antigas, que ainda sobrevivem no mundo corporativo brasileiro, de que produtividade é sinônimo de quantas horas o funcionário passa sentado na cadeira do escritório e a ação de colocar o maior número de pessoas por metro quadrado, precisão mudar”, diz.

Fonte: Valor Econômico

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