Commodoties: Covid-19 contém disparada dos grãos em Chicago

Setor
05/01/2021

Apesar de terem começado o pregão no mesmo ritmo de alta que encerraram 2020, o anúncio de lockdown no Reino Unido e o aumento de casos de covid-19 em diversos países frearam a disparada dos grãos nesta segunda-feira na bolsa de Chicago.

Mesmo assim, os contratos de soja para março encerraram a sessão em alta, cotados a US$ 13,13 por bushel, com avanço de 0,15% (2 centavos de dólar).

“Depois que as bolsas americanas abriram, ganhou força um movimento de aversão ao risco que, aliado a questões técnicas, levou a uma realização de lucros”, afirmou Luiz Fernando Roque, analista da consultoria Safras & Mercado.

Segundo ele, a volatilidade de hoje tende a persistir. “Isso só deve mudar se houver uma alteração muito expressiva no clima, que tem sido irregular em países como a Argentina. Mas é a pandemia que deve dar o tom neste começo de ano ”, afirmou ao Valor. Ele avalia que ainda há espaço para uma correção nas cotações de grãos depois da euforia que levou a máximas em seis anos no fim de dezembro.

No início do dia, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) informou que os embarques do grão americano alcançaram 1,31 milhão de toneladas na semana encerrada em 31 de dezembro, volume 40,4% menor que na semana anterior, o que já era esperado em um período de festas de fim de ano e também pelo afastamento da China das compras.

No ano-safra em curso, porém, os embarques dos EUA já chegaram a 38,5 milhões de toneladas, ante 20,8 milhões no mesmo período de 2019/20.

Já os contratos de milho encerraram o primeiro pregão do ano em queda, em um movimento de realização de lucros e acompanhando a incerteza que tomou de assalto o mercado ao longo do dia. Os papéis com vencimento em maio fecharam em queda de 1 centavo de dólar, a US$ 4,8425 por bushel.

Conforme a agência Dow Jones Newswires, a consultoria AgResource avalia que a queda se deu por motivos técnicos, uma reação à percepção de sobrecompra de futuros de grãos. “Duvidamos que o declínio seja capaz de angariar qualquer momento negativo”, informou.

Um dos fatores que vinham dando suporte às cotações do milho foi o anúncio feito na semana passada pelo governo argentino de que as exportações do cereal do país serão interrompidas até 28 de fevereiro para garantir o abastecimento doméstico. O clima instável na Argentina é outro ponto de atenção no mercado.

“Grande parte da força estava relacionada às constantes preocupações com o clima da América do Sul e ao fechamento dos registros de milho pela Argentina”, disse Terry Reilly, da Futures International.

Hoje, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) também informou que os embarques americanos de milho totalizaram 912,8 mil toneladas na semana até o dia 31, ante 1,26 milhão de toneladas uma semana antes. Porém, no acumulado do ano-safra em curso, as exportações já chegaram a 15 milhões de toneladas, frente o volume de 8,6 milhões de toneladas no mesmo período de 2019/20.

Conforme a consultoria Farm Futures, dados oficiais da União Europeia estimam as importações de milho do bloco em 2020/21 em 331,9 milhões de bushels até 31 de dezembro, 24% abaixo do ritmo do ano anterior.

Assim como a soja, os contratos de trigo de segunda posição (maio) fecharam o pregão com alta de 1 centavo de dólar, a US$ 6,4050 o bushel.

Os embarques de trigo dos EUA também foram menores na última semana. Caíram para 325 mil toneladas, ante 407 mil toneladas na semana anterior, segundo dados do USDA. O ano-safra do cereal começou em 1º de junho. Desde o início, foram embarcados 14,9 milhões de toneladas, mesmo volume de 2019/20.

Fonte: Valor Econômico

Deixe sua opinião