Commodities: Trigo cai 3,2% em Chicago ‘devolve’ altas de janeiro

Setor
01/02/2022

O trigo passou por realização de lucros nesta segunda-feira, último pregão de janeiro na bolsa de Chicago. O vencimento para março, o mais negociado atualmente, encerrou em baixa de 3,18% (25 centavos de dólar), a US$ 7,6125 o bushel. A posição seguinte, para maio, recuou 3,13% (24,75 centavos de dólar), a US$ 7,6625 o bushel.

Depois de uma forte escalada neste mês, a queda de hoje fez o trigo “devolver” praticamente toda a alta acumulada em janeiro. No primeiro pregão de 2022, o cereal para março fechou em US$ 7,580 o bushel.

Embora o risco de conflito entre Rússia e Ucrânia ainda exista e preocupe o mercado, os esforços internacionais para aliviar a tensão entre os dois países, dois grandes exportadoras de trigo, afastaram momentaneamente o “prêmio de risco” para o mercado futuro do cereal.

Vale lembrar que, também em janeiro, tanto o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) quanto o Conselho Internacional de Grãos (IGC, na sigla em inglês) aumentaram suas estimativas para produção e estoques de passagem de trigo em 2021/22. Esses ajustes diminuíram as preocupações com o aperto na oferta global e geraram forte liquidação de posições no mercado internacional, ao menos até que o problema entre russos e ucranianos volte a dominar as atenções.

Para fevereiro, além do impasse entre Rússia e Ucrânia, também estará no radar o desenvolvimento da safra de trigo nos Estados Unidos, que passou por problemas de seca em importantes áreas produtoras na primeira quinzena do mês.

Ainda sobre o mercado americano, o USDA informou que os embarques de trigo foram de 361,4 mil toneladas na semana até 27 de janeiro, uma baixa semanal de 12,1%. No ano-safra, as exportações somam 13,6 milhões de toneladas, volume 18% inferior ao do mesmo período de 2020/21 (16,6 milhões de toneladas).

Assim como ocorreu com o trigo, o milho passou por uma realização de lucros no último pregão do mês, após acumular uma valorização de mais de 6% até a última sexta-feira. Hoje, o contrato para março, o mais ativo, caiu 1,57% (10 centavos de dólar), a US$ 6,260 o bushel.

No mercado americano, o USDA informou que os embarques de milho na semana encerrada em 27 de janeiro somaram 1,03 milhão de toneladas, uma queda de 12,7% em relação à semana anterior e de 7,2% em comparação com a mesma semana de 2021. No ano safra 2021/22, iniciado em 1º de setembro, os americanos embarcaram 17,5 milhões de toneladas, 12,4% menos do que no mesmo período da temporada passada (20 milhões de toneladas).

No Brasil, a AgResource reduziu de 23,7 milhões para 19,9 milhões de toneladas sua previsão para a safra de milho verão. A mudança deveu-se à estiagem que atingiu os Estados do Sul no decorrer do ciclo.

Já a AgRural informou que a colheita do cereal no país chegou a 14% da área até a última quinta-feira e que, até o momento, o rendimento das lavouras está baixo. Já o plantio da segunda safra de milho, a maior do país, chegou também a 14% da área estimada.

 

Em fevereiro, estarão no radar do mercado do milho as preocupações com a safra da América do Sul e a demanda por etanol nos EUA, que vem titubeando nas últimas semanas.

 

A soja subiu nesta segunda-feira em Chicago, mantendo-se em seu maior patamar desde junho do ano passado. O contrato para março, o mais negociado, avançou 1,39% (20,50 centavos de dólar), para US$ 14,9050 o bushel, e a posição seguinte, para maio, subiu 1,36% (20 centavos de dólar), a US$ 14,9525 o bushel.

Cada vez mais perto dos US$ 15 por bushel, a soja segue apoiada nos seguidos cortes nas perspectivas para a safra na América do Sul. A seca afetou áreas importantes de produção no Brasil e na Argentina, tornando o quadro de oferta e demanda do grão mais apertado do que se imaginava no início do ano.

Para a safra brasileira, a maior do mundo, duas consultorias fizeram hoje novos ajustes em suas projeções. A AgRural reduziu de 133,4 milhões para 128,5 milhões de toneladas sua previsão para 2021/22, enquanto a AgResource Brasil reduziu em 4,5% sua estimativa, para 125 milhões de toneladas.

Os dois levantamentos indicam uma quebra significativa em relação à colheita recorde de 2020/21, de 137,3 milhões de toneladas. O declínio deve-se especialmente à seca no Rio Grande do Sul e no Paraná, Estados que figuram entre os três maiores produtores nacionais de soja, atrás apenas de Mato Grosso.

“Parece que iniciamos uma corrida para o fundo do poço [para ver] quem vai ter a menor previsão para a soja [no Brasil]. Essas reduções parecem respaldar a força que a soja apresentou nos últimos dias”, disse, em relatório, o analista Dan Hueber.

Como apoio extra para a alta, o USDA informou que os exportadores americanos reportaram a venda de 129 mil toneladas de soja para China, sendo 66 mil toneladas para entrega nesta safra 2021/22 e outras 63 mil toneladas para o ciclo 2023/23.

Por outro lado, o orgão também apontou queda nos embarques de soja no país na semana encerrada em 27 de janeiro. Segundo o USDA, os embarques do grão caíram 4,6% na semana, para 1,41 milhão de toneladas. No ano-safra 2021/22, os americanos exportaram 36,3 milhões de toneladas, 24,6% menos que no mesmo período do ciclo passado (47,5 milhões de toneladas).

Fonte: Valor Econômico

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