Commodities: Clima favorável nos EUA pressiona trigo em Chicago

Setor
25/06/2020

Os indicativos de chuva nas regiões produtoras de trigo nos Estados Unidos pressionaram as cotações do cereal negociado na bolsa de Chicago. Nesta quarta-feira, os contratos futuros com entrega para setembro caíram 1,07%, ou 5,25 centavos de dólar, e fecharam a US$ 4,8575 o bushel.

Segundo a consultoria DTN, tempestades são esperadas em todo o Centro-Oeste americano para o resto da semana, o que é considerado “favorável” para as culturas.

“A alta dos preços do trigo parece limitada, a menos que sérios problemas climáticos se desenvolvam rapidamente para qualquer um dos principais exportadores do mundo”, pontuou a consultoria RJO Futures à Dow Jones Newswires.

Outro fator de pressão sobre as cotações é o início da colheita do cereal russo, apontou o analista Karl Setzer, da Agrivisor. O trigo americano compete diretamente com o russo. “Espera-se que a Rússia volte ao mercado de exportação, provavelmente com valores abaixo do que os Estados Unidos estão pedindo por seu trigo”, afirmou ele, em relatório.

No mercado de soja, os lotes com vencimento em agosto recuaram 0,52%, ou 4,5 centavos de dólar, a US$ 8,675 o bushel.

Ao Valor, o analista Victor Ikeda, do Rabobank, disse que, graficamente, os US$ 9 o bushel são uma barreira psicológica a ser quebrada, com os indicativos baixistas pesando sobre o mercado de oleaginosa, como o início da safra americana e a desvalorização cambial favorecendo os preços brasileiros.

“No segundo semestre, os preços médios em Chicago devem ficar em US$ 8,70”, avaliou Ikeda.

De acordo com o analista do Rabobank, a perspectiva para o segundo semestre é que o Brasil tenha volumes mais limitados para exportação para os chineses, o que poderá dar um respiro para os preços negociados em Chicago. “A China deve redirecionar sua demanda por soja para os EUA”, afirmou .

Ainda na bolsa de Chicago, os preços do milho terminaram esta quarta-feira em baixa de 0,61%, ou 2 centavos de dólar, e fecharam a US$ 3,27 por bushel.

Os preços do cereal ignoraram o aumento semanal da produção de etanol nos Estados Unidos.

Na semana encerrada em 19 de junho, foram produzidos em média 893 mil barris por dia no período, 6,18% acima, ou 52 mil a mais, do que o aferido nos sete dias anteriores, segundo a Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês).

Na avaliação de Ikeda, do Rabobank, mesmo com o crescimento da demanda americana por etanol, a retomada para os mesmos patamares de 2019 ainda está distante de ocorrer.

“A retomada total da demanda americana por etanol deve acontecer apenas no segundo semestre de 2021”, avaliou o analista.

De acordo com Ikeda, o cenário é baixista para os preços do cereal no segundo semestre.

“Além de uma demanda reprimida pelo milho, temos uma safra americana que não tem apresentado muitos impactos negativos”, acrescentou.

Fonte: Valor Econômico

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