Argentinos reclamam da decisão brasileira de elevar cota para importação de trigo sem TEC

Abitrigo
23/06/2020

A decisão do governo brasileiro de ampliar a cota para a importação de trigo de fora do Mercosul gerou protesto dos produtores e exportadores da Argentina – principal fornecedor do cereal para o Brasil.

“Essa expansão é ilegal. O Brasil não pode estender a cota e deve reverter a medida”, afirmou um exportador ao jornal argentino “La Nación”.

Também segundo o jornal, exportadores representados pela Câmara da Indústria de Óleos Vegetais e pelo Centro de Exportadores de Cereais (Ciara-CEC) enviaram notas de protesto ao governo argentino.

“Embora o programa de exportação com o Brasil nesta campanha já esteja bem avançado, a decisão afeta as perspectivas de vendas para nosso principal comprador de trigo. E deixar aberta uma cota assim pode gerar perdas de mercado para o trigo argentino e isso também gera um questionamento sobre a integração econômica do Mercosul e seus principais acordos”, diz o texto das entidades enviado ao governo.

Historicamente, a Argentina fornecia 90% do volume de trigo importado pelo Brasil – que varia entre 5 milhões e 6 milhões de toneladas todos os anos. Mas em 2019, o percentual ficou em 85% com a ampliação das exportações dos argentinos para outros mercados, principalmente na Ásia.

Na semana passada, o Comitê-Executivo de Gestão (Gecex), órgão deliberativo da Câmara de Comércio Exterior (Camex), autorizou uma cota adicional de importação de 450 mil toneladas de trigo de fora do Mercosul sem Tarifa Externa Comum (TEC) de 10%.

Essa cota adicional poderá ser utilizada até 17 de novembro deste ano, caso 85% do volume da cota de 750 mil toneladas por ano permitidas atualmente seja preenchido. Se toda a cota for utilizada, os moinhos do país importarão 1,2 milhão de toneladas sem cota de fora do Mercosul.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), embaixador Rubens Barbosa, os moinhos solicitaram a ampliação da cota com receio de que falte trigo argentino até o fim do ano. Mas a Ciara-CEC garante que esse risco não existe.

Conforme as entidades, das 12,5 milhões de toneladas comprometidas com exportações pelo país em 2019/20, cerca de 5,5 milhões de toneladas foram ou serão destinadas ao Brasil.

Fonte: Valor Econômico

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