Análise dos Preços: Começa a disputa pela precificação do trigo de safra nova no Paraná

Setor
14/07/2020

A T&F fez uma pesquisa junto aos moinhos para saber qual seria o preço adequado do trigo neste momento para ter algum lucro com a venda da farinha inteira, que é uma especie de coringa para a comum e para panificação. Os vendedores querem algo entre R$ 1.100 ou R$ ate ́R$ 1.200,00/tonelada, mas, o que pudemos apurar é que, tanto no Rio Grande do Sul, como em Santa Catarina e no Paraná, o preço do trigo hoje não deveria passar de R$ 980,00/tonelada, contra os atuais preços que estão sendo praticados de R$ 1.200 no RS e R$ 1.300 no PR.

Isto posto, fomos adiante e tentamos projetar um preço ideal para a safra nova, levando em conta o provável aumento de 26,31% na produção de trigo, que tem um potencial produtivo para passar de 5,69 milhões de toneladas para 7,2 milhões na próxima safra, um aumento de 1,5 milhão de toneladas, que faria uma grande pressão sobre o preço, considerando que o produtor de trigo costuma “colher e vender logo”, apenas raramente fazendo o contrário.

É certo que o preço do trigo no mercado internacional tende a subir, mas a pressão do trigo importado só se fará sentir nos moinhos dos três estados do Sul a partir de junho, se é que isto realmente acontecerá. Ela conta mais para os moinhos de São Paulo para cima. O que provavelmente poderá ocorrer é o contrário: moinhos que costumam comprar apenas trigo importado decidirem comprar cargas de trigo nacional, mais barato, aumentando a demanda e impulsionando o preço para cima, no Sul, a partir de novembro/dezembro.

De qualquer forma, depois de submetermos estes e outros dados às nossas tabelas matemáticas, determinamos a possibilidade dos seguintes pontos de compra iniciais, no Paraná: R$ 1.000,00/t para agosto, R$ 950,00/t para setembro, R$ 900,00/t para outubro e R$ 850,00 para novembro, com a entrada mais forte da safra gaúcha.

Para o agricultor, isto poderia representar algo ao redor de R$ 52,00/saca, no Paraná, “que o deixaria feliz”, segundo fontes do mercado. Comparado com o custo variável de produção, este preço geraria um lucro de 5,15%, mais os 400 kg/hectare adicionais de aumento na produtividade da soja.

TRIGO RS: Negociadas 4.000 tons esta semana, mas o preço não sobe

Os moinhos gaúchos tiveram que forçar a antecipação do uso dos seus estoques, previstos até o final da temporada, diante do aumento extraordinário da demanda de farinhas nos meses de abril, maio, junho e julho, neste ano, provocada pela pandemia. Com isto, vai faltar trigo a preço lucrativo a partir de agosto. Esta nova situação está fazendo os moinhos buscarem o que existe de disponibilidade interna, mesmo pagando um pouco mais, para mesclarem com o preço médio anual a fim de ainda manterem o lucro.

Mesmo com poucas ofertas, a soma de negócios pontuais atingiu 4.000 toneladas no estado, a preços FOB para trigo pão disponível de R$ 1.250/t e de branqueador R$ 1.300. Trigo Futuro, para dezembro de 2020, com o dólar fechando praticamente estável, o preço para exportação se manteve inalterado em R$ 950,00 sobre rodas, no porto gaúcho de Rio Grande.

A pesquisa Cepea registrou baixa de -0,03% nesta sexta-feira, para a média de R$ 1.184,37, contra R$ 1.184,76/t do dia anterior, recuando o ganho acumulado no mês para -2,42%, contra -2,39% do dia anterior.

TRIGO SC: Aparentemente não há mais disponibilidade de trigo no estado

Não soubemos de novas disponibilidades de lotes no estado de Santa Catarina que, ao que parece, não tem mais trigo disponível. As ofertas que estão sendo oferecidas são lotes do RS ou do PR, mais frete.Para safra nova, os preços ouvidos giram em torno de R$ 850,00 para novembro.

TRIGO PR: A boa notícia é que vai haver algum trigo já em agosto e de boa qualidade

Lavouras amarelando, cachos generosos, espigas polpudas e bem carregadas, é o que mostram estas fotos tiradas nesta sexta-feira no norte do Paraná. Não temos ainda a extensão de todas as lavouras que se encontram nesta situação, mas, este é um fato concreto, existente hoje na região e que poderá modificar a tendência atual dos preços do trigo.

Se o clima não atrapalhar, o Paraná deverá colher algo entre 3,5 e 3,67 milhões de toneladas de trigo e o Rio Grande do Sul outras 2,7 milhões de toneladas que, somadas às 700 mil produzidas nos demais estados, deve fazer o Brasil atingir algo ao redor de 7,0 milhões de toneladas na próxima safra.

Os preços continuam inalterados, pela quinta semana consecutiva, com os vendedores estariam pedindo R$ 1.250,00/R$ 1.300 CIF no norte do Paraná. Em Ponta Grossa R$ 1.300,00CIF para junho. No Oeste do estado pequenos lotes negociados a R$ 1.300/1.330,00 spot. Em Paranaguá teria trigo importado a US$ 265,00/t.

Para a safra nova as referências dos compradores começam a mudar: no norte do estado, passaram para R$ 1.000/t em agosto, R$ 950,00 em setembro, R$ 900,00 em outubro e R$ 850,00 em novembro. Na região dos Campos Gerais (Ponta Grossa e região) se mantém ainda ao redor de R$ 1.100,00 trigo posto moinho entrega setembro de 2020; R$ 1.000,00/t trigo posto moinho entrega outubro de 2020, novembroR$ 900,00, posto moinho, em Ponta Grossa.

Vendedores a R$ 1.200,00 para setembro e R$ 1.050,00 para novembro. No Oeste alguns lotes negociados entre R$ 1.000/1.020,00 CIF. No Sudoeste ofertas entre R$ 1.000/1.200,00 para novembro. A pesquisa Cepea registrou alta de 0,41% nesta sexta-feira, para a média de R$ 1.227,53, contra R$ 1.222,55 do dia anterior, amortizando o ganho do mês para -1,46% contra -1,89% anterior. A diferença entre os preços do trigo gaúcho e paranaense ficou em R$ 43,16/ton.

TRIGO MG: Lavouras se desenvolvendo muito bem, prometem qualidade excelente

As lavouras de trigo no estado de Minas Gerais continuam se desenvolvendo muito bem. O clima continua ajudando. Em algumas regiões, se tivesse mais um pouco de chuva seria melhor, mas a qualidade certamente será excelente, segundo fontes locais. O preço para disponível e safra nova já são os mesmos e estão em torno de R$ 1.050/1.080/t. O trigo comprado no Paraná (alguns moinhos tem armazéns lá para garantir o abastecimento) chegaria a Minas por preço equivalente.

Fonte: Mais Soja

Deixe sua opinião