Trigo: moinhos represam salto dos preços e não descartam pedir cota maior de importações

Abitrigo
09/03/2021

O salto de 90% nos preços do trigo, ano contra ano, não está sendo repassado integralmente pelos moinhos. E ainda há o dólar elevado, que castiga um mercado dependente das importações como nenhuma outra cadeia do agronegócio.

A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) não estima a margem de represamento dos preços da matéria-prima para as indústrias de massas, panificação e farinheiras, que chegaram a R$ 1,6 mil a tonelada, sobre a média de R$ 900 no mesmo período de 2020.

Varia de estratégia e, certamente, da variedade e densidade do mix de cada empresa.

Ao mesmo tempo, assegura o presidente Rubens Barbosa, desde o fim da safra passada na América do Sul as associadas da entidade já previam esse acréscimo nas cotações. De certa forma, chegaram até aqui com tempo para operarem nesses patamares.

Ele não descarta que o governo seja procurado para aumentar a cota de importações fora da Tarifa Externa Comum (TEC). Para 2020 e este ano as indústrias conseguiram 750 mil/t com impostos zerados.

Além de uma sinalização mais clara do câmbio, também está em jogo a entrada no mercado do auxílio emergencial.

Tudo somado, a liderança setorial avalia que há uma espera, possivelmente até abril, para uma tomada de decisão no sentido de os moinhos revisarem os reajustes.

O ambiente de preços nesses níveis está sensível aos estoques muito baixos, sem a Argentina, principal provedor, que está na entressafra. E que veio de uma safra em 2020 mais curta, como, também, foi a brasileira.

O Brasil costumeiramente importa entre 6,5 e 7 milhões/t do país vizinho e produziu em torno de 6 milhões/t em 2020.

A Rússia, principal exportador global, sobretaxou suas exportações por duas vezes este ano e aumenta o suporte de preços, acentua Rubens Barbosa.

O diferencial positivo é que os preços atuais estão promovendo uma rodada de intenções de aumento do plantio para o grão de inverno, com expectativas para Paraná, São Paulo e Cerrado, segundo o presidente da Abitrigo.

Mas não há certeza. O trigo sofre concorrência direta do milho de meio ano. E esta commodity está com cenário de oferta e demanda muito mais favorável.

Fonte: Money Times

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