RS registra maior safra de trigo em 44 anos

Setor
21/10/2021

RS deve alcançar uma produção de 3,59 milhões de toneladas, um incremento de 70,95% em relação ao ano passado. Área no Vale cresceu mais de 90%

O produtor Airton Lottermann, de Lajeado, projeta colher até 65 sacas por hectare. Este ano a área chegou a 120 hectares, mais do que o dobro em relação ao ciclo anterior. A maior parte foi cultivada em Vale Verde, onde foram alugadas terras para ampliar o cultivo de grãos no verão.

“Fizemos correção de solo pensando na soja e tivemos uma boa surpresa. A produtividade deverá variar entre 40 e 65 sacas. O grão está com qualidade boa até o momento, esperamos a colaboração do clima até finalizar a colheita.”

Sobre o preço, apesar do aumento, caso tivesse que plantar agora com os insumos em alta, estaria muito defasado. “Quem acredita que o produtor ganha muito dinheiro por causa do valor alto do grão, não sabe o preço do diesel, da ureia, adubo e demais produtos.”

Na projeção da Emater/RS-Ascar as lavouras gaúchas deverão produzir 3,59 milhões de toneladas. Em média, o preço da saca de 60 kg vale R$80,70. No mesmo período do ano passado a saca de 60 kg era cotada em R$62,13.

A confiança dos produtores no cereal elevou o trigo à principal safra de inverno, à frente da aveia branca grãos (799.714 t), cevada (129.934 t) e canola (55.672 t). A área cultivada com o grão no Estado superou um milhão de hectares, o que não acontecia desde 2014, passando de 915,7 mil hectares cultivados na safra do ano passado para 1.177.487 hectares cultivados neste ano.

Área cresce na região

No Vale do Taquari, existem 4.090 hectares cultivados com o grão. No ciclo anterior o cereal ocupou apenas 2.126 hectares. Segundo o técnico regional em Culturas da Emater Regional de Lajeado, Alano Tonin, historicamente a região cultiva pouca área de trigo comparada a outras regiões do estado.

“Esse aumento de área se deve principalmente pela elevação do preço no mercado, que passou a despertar mais interesse dos agricultores na cultura.”

A produtividade também deve ser maior e saltar de 37,56 sacas em 2020, para 44,68 sacas este ano. “Temos pouco mais de 5% da área colhida. É cedo para falar de qualidade, mas a princípio será boa. Talvez não como na safra passada, em que tivemos um início de primavera mais seco, o que favorece para uma melhor sanidade, mas ainda sim espera-se boa qualidade de grãos.”

Oferta atende demanda

Mesmo com a destinação de parte dos grãos para a indústria utilizar na fabricação de ração, Tonin não acredita em uma possível alta dos produtos derivados de trigo, como a farinha, por exemplo.

Um dos motivos é o aumento da produtividade e o incremento de área. “Pensamos que esse aumento na oferta seja suficiente para atender a demanda para fins de produção de farinha. Sem contar que boa parte do trigo para esta finalidade é importada.”

Resgate de culturas

Segundo Tonin, no Vale do Taquari têm se observado e participado de um processo de resgate de culturas de inverno, não somente do trigo com a finalidade de produção de grãos, mas também triticale e cevada para produção de forragens, para pastoreio, produção de pré-secado e silagem.

Com o aumento dos custos de produção associado a praticamente duas safras de verão com problemas climáticos, os produtores têm a necessidade de produzir e armazenar mais alimentos para os rebanhos no inverno, explica.

Fonte: Agora no Vale

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