Quarentena e real desvalorizado impulsionam exportação de massas, biscoitos e pães do Brasil

Setor
20/08/2020

As exportações brasileiras de biscoitos, massas, pães e bolos industrializados saltaram 73% no primeiro semestre, para 71 mil toneladas, na relação com o mesmo período de 2019. O avanço foi impulsionado pelo real desvalorizado e por uma demanda adicional dos consumidores durante a quarentena, disse a associação Abimapi.

O faturamento do setor cresceu 20% com as vendas externas de janeiro a junho, para US$ 85,9 milhões, informou a associação.

Com o isolamento social contribuindo para manter a demanda aquecida nos mercados interno e externo, a indústria de derivados da farinha deve seguir com consumo firme de trigo no país, mesmo com os preços do cereal impulsionados pelo câmbio.

A desvalorização do real em relação ao dólar tornou o produto brasileiro mais competitivo no mercado internacional, o que também ajudou no crescimento das vendas para fora.

“Apesar do cenário de instabilidade, com atual situação econômica do país e a alta do preço da farinha, a desvalorização do real refletiu favoravelmente nas exportações dos produtos da cesta Abimapi”, disse o presidenteexecutivo da associação, Claudio Zanão.

A categoria de massas alimentícias foi a que mais se destacou nas exportações do primeiro semestre, pelo custo e maior prazo de validade.

Segundo a Abimapi, os embarques de massas dispararam 243% em valor (para US$ 12 milhões) e 395% em volume (para 14 mil toneladas), se comparados aos do mesmo período de 2019.

El Salvador, Uruguai, Chile e Venezuela foram os principais importadores do segmento.

“A quarentena inspirou os consumidores do mundo todo a cozinhar mais dentro de casa e o macarrão é um produto perfeito para esta nova tendência… As pessoas estão optando por produtos não perecíveis, com maior ‘shelf life’ (prazo de validade), praticidade e um bom custo benefício”, afirmou Zanão.

A companhia de alimentos M. Dias Branco, uma das maiores produtoras de farinha de trigo, massas e biscoitos do Brasil, disse à Reuters no início deste mês que viu sua receita de exportação disparar 526% no segundo trimestre ante igual período de 2019.

Na entrevista, o diretor de Relações com Investidores da M. Dias, Fábio Cefaly, enfatizou o aumento da procura por massas atrelado à pandemia, embora a companhia estivesse em um processo de internacionalização que contribuiu para o resultado expressivo do trimestre.

Na categoria de pães e bolos industrializados, a Abimapi reportou alta de 85% em faturamento no primeiro semestre, para US$ 29 milhões e 31 mil toneladas em volume, 204% a mais. China, Estados Unidos e Japão aparecem entre os principais compradores.

Para o acumulado de 2020, a expectativa é fechar no azul. “Nossa meta é superar os 100 milhões de dólares em exportações sob a previsão de crescimento anual médio de 6% no período”, estimou Zanão. Em volume, a meta é avançar 5% no ano.

Além dos efeitos da pandemia, a Abimapi disse que o avanço nos embarques do setor também é resultado de um projeto chamado Brazilian Biscuits, Pasta and Industrialized Breads & Cakes, mantido pela associação em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).

O programa busca oportunidades que aproximem as empresas do segmento de seus clientes e potenciais parceiros no exterior, e é com base no desempenho esperado para as companhias que integram este projeto que a Abimapi estima elevação nos embarques para o acumulado do ano.

Fonte: Folha de S.Paulo

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