OCDE vê melhora global, mas pede que países mantenham estímulos

Coronavírus
17/09/2020

O colapso da economia mundial neste ano será menor do que se esperava em junho. Para 2021, a expectativa é de crescimento moderado nas grandes economias desenvolvidas e emergentes, prevê a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em seu mais recente relatório sobre as perspectivas globais, intitulado “Vivendo com a Incerteza”.

A OCDE projeta agora declínio de 4,5% no Produto Interno Bruto (PIB) global neste ano e uma virada para um crescimento de 5% em 2021. A queda neste ano é menor comparado à contração de 6% estimada em junho, mas ainda é sem precedentes na história recente.

Entre a previsão de novembro de 2019, de crescimento de 2,9% da economia mundial, e a nova estimativa de contração de 4,5%, o resultado representa uma perda de US$ 7 trilhões na atividade. Se houver um avanço rápido de vacinas e terapias contra a covid-19, a perda poderá ser reduzida para US$ 4 trilhões. Mas, se houver um recrudescimento violento das infecções e novos confinamentos, essa perda poderá atingir US$ 11 trilhões.

As cifras mascaram diferenças consideráveis entre as economias. De um lado, só a China terá crescimento neste ano, com todas as outras principais economias no vermelho. Nas novas previsões, destaque para China, EUA, Europa e Brasil, que tiveram os números revisados para melhor. A nova estimativa para o Brasil é de contração de 6,5% neste ano, comparado ao cenário de queda de 7,4% em junho.

Em contraste, a atividade cairá mais que o previsto antes na Índia, México e África do Sul, refletindo a epidemia de covid-19 e os altos níveis de pobreza e informalidade.

Na maioria das economias, o nível de produção ao fim de 2021 deverá continuar abaixo daquele do fim de 2019, e consideravelmente mais fraco do que projetado antes da pandemia. Os países desenvolvidos podem perder o equivalente a 4 ou 5 anos de renda real per capita até o ano que vem. Em vários grandes emergentes também são projetadas amplas perdas.

A entidade alerta que um agravamento da epidemia ou novos lockdowns podem cortar entre 2 e 3 pontos percentuais no crescimento global em 2021, resultando em mais desemprego e um período mais longo de baixo investimento.

As previsões foram revisadas levando em conta a demora de pelo menos um ano antes de utilização generalizada de uma efetiva vacina, limitando seu impacto sobre as perspectivas para 2021.

A OCDE destaca que as autoridades em geral reagiram rápida e maciçamente para amortecer a recessão em 2020. E nota que as perspectivas permanecem extraordinariamente incertas, dependentes da evolução da pandemia, das políticas, do comportamento da população e da confiança.

Mas também fez um alerta para que os governos não repitam os erros da última crise e, portanto, não retirem os estímulos fiscais, financeiros e outros cedo demais.

“Há um tempo para o ajuste [nas contas públicas], mas não em 2021”, afirmou a economista-chefe da OCDE, Laurence Boone.

A OCDE recomenda que os governos elaborem políticas que limitem as falências e o desemprego; ajudem as pessoas a encontrar novos postos de trabalho; aproveitem a oportunidade para focar em investimentos em digital e no meio ambiente.

“O apoio fiscal foi maior até agora do que se esperava e foi para combater o impacto do vírus”, disse Boone. “Agora as medidas de apoio fiscal, dos governos, devem continuar, condicionado a objetivos ambientais, sociais.”

Apoio mais específico deve ser garantido, por exemplo, a desempregados e a pessoas com pouca qualificação, e também para os jovens. Também será necessário ajudar as empresas viáveis, por exemplo transformando dívidas em participação na companhia.

A entidade alerta que várias atividades no setor de serviços – como transportes e entretenimento, mais afetados pelos confinamentos e regras de distanciamento social – podem ficar insolventes se a demanda não se recuperar logo, trazendo perdas de emprego. O desemprego tende a aumentar e também pode piorar a situação dos trabalhadores informais.

Fonte: Valor Econômico

Deixe sua opinião