Governo argentino pensa em intervir no mercado de trigo

Setor
28/01/2021

Os embarques de trigo da Argentina em dezembro último, em que houve a greve dos portuários, ficaram em apenas 812.000 toneladas, o menor dos últimos cinco anos. No mesmo período de 2019 o volume foi de 2.112.251 de toneladas.

O mercado de trigo, que se mostrou extremamente dinâmico nas últimas semanas, está a um passo de sofrer intervenção do governo argentino.

Até o momento, os exportadores argentino registraram Declarações Juradas de Vendas ao Exterior(DJVE) de trigo da safra 2020/1 por 8,91 milhões de toneladas, sobre um saldo exportável de 10,0 milhões de toneladas, segundo informações do Ministério da Agricultura.

A falida intenção do governo de intervir nas exportações de milho gerou uma “febre” vendedora, tanto de milho, quanto de trigo da safra 2020/21 ante o crescimento da incerteza gerada pelo avanço da ala kirchnerista do Presidente Fernandez.

Esta “febre”, longe de ser aquietada pelo governo, foi recebida com beneplácito por parte da equipe econômica, dado que, graças à magia das retenciones antecipadas, foram adiantados aos montões os ingressos sob a forma de direitos de exportação.

Por enquanto, no caso do trigo, já se comprometeu praticamente 90% da oferta disponível projetada quando faltam mais de nove meses para o ingresso da próxima colheita do cereal. E, em tal cenário, já se ativaram os “alarmes laranjas” nos escritórios da Secretaria de Comércio Interior.

O governo não pode elevar o direito de exportação sobre o trigo por alíquota superior a 15%, ao menos até o próximo dia 31 de dezembro de 2021, porque assim dispõe a Lei de Solidariedade e Reativação Produtiva nº 27.541. Mas, pode subir o valor FOB oficial do trigo, a partir do qual se determina o direito de exportação no momento de ser registrada uma DJVE para, assim, tentar evitar novas declarações.

Neste sentido, no último dia 22 de janeiro a Argentina teve, por um dia, o trigo mais caro do mundo. Mas, o mais provável é que se instrumentalize a mesma receita utilizada no ano passado, que consistiu em uma intervenção encoberta por meio da promoção de um “acordo” de boa vontade entre exportadores e moinhos, além do fechamento de fato – não oficializado – do registro de operações de comércio exterior.

De qualquer modo, os valores presentes no mercado depois da intervenção não serão os mesmos que no período anterior. E o mercado de futuros agrícolas argentino já começou a adiantar-se a este cenário.

Nesta terça-feira, enquanto os futuros de trigo em Chicago mostraram importante alta, ocorreu o contrário no MatbaRofex, onde o contrato de Trigo Rosário de Março 2021 terminou com uma queda de US$ 4,5/ton a US$ 231,0.

Trigos importados: Preços finais do trigo argentino nos moinhos do Sul chegando a R$ 1.717,32

Os preços finais do trigo argentino posto nos moinhos do Sul do Brasil fecharam em baixa nesta terça-feira nos valores CIF (entre parênteses o preço do dia anterior):

  • Nos moinhos do Rio Grande do Sul e do Paraná, por via marítima (portos de Rio Grande e Paranaguá), atingirem cerca de R$1.717,32 (1.768,78) em Janeiro, R$ 1.702,28/ (1.750,08) em Fevereiro, R$ 1.724,77 (1.784,02) em Março, R$ 1.742,53 (1.796,62) em Abril e R$ 1.771,11 (1.814,75) em Maio e R$ 1.773,58 (1.822,62) em Junho.
  • Por via fluvial (desembarcadouro em Foz do Iguaçú) chegariam aos moinhos do Oeste do PR ao redor de R$ 1.665,38 (1.684,11) em Janeiro e R$ 1.650,15 (1.707,72) em Fevereiro e R$ 1.672,60 (1.730,69) em Março

Trigo paraguaio chegaria ao Oeste do Paraná a R$ 1.396,65, ao Mato Grosso do Sul a R$ 1.423,33, a São Paulo a R$1.476,70 e ao Rio Grande do Sul a R$1.476,70.

De São Paulo para cima, trigo argentino, sem impostos, continua a ser imbatível

Os preços caíram nas importações de trigo argentino nesta terça-feira:

  • Os moinhos de São Paulo, para quem acompanhamos apenas o preço spot, o trigo argentino chegaria por via marítima a R$ 1.757,17/t, contra R$ 1.779,86/t do dia anterior, mais baixo do que trigo americano sem TEC, que chegaria a R$ 1.855,77 contra R$ 1.821,21/t do dia anterior.
  • Em Salvador o trigo americano sem TEC chegaria a R$ 1.893,69/t, o argentino a R$ 1.693,29/t e o trigo nacional chegaria a R$ 1.590,78t.
  • Em Fortaleza o trigo americano hard sem TEC chegaria a R$ 1.959,36/t, o trigo argentino a R$ 1.714,67/t e o trigo nacional ao redor de R$ 1.590,78/t.

Fonte: Mais Soja

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