Estiagem reduzirá exportações de trigo da Argentina

Setor
27/08/2020

Devido à estiagem, que reduziu a área de plantio e está afetando a produtividade das lavouras, a Argentina poderá perder quase US$ 700 milhões em receita com exportações de trigo em 2021. Destacada pelo jornal “La Nación”, a estimativa é do produtor Néstor Roulet, ex-vice-presidente das Confederações Rurais Argentinas (CRA), a partir de dados da Bolsa de Rosário.

Em abril, a projeção de plantio da bolsa era de mais de 7 milhões de hectares. Por causa de dificuldades em várias regiões para concluir a semeadura, porém, o cálculo foi reduzido para 6,5 milhões de hectares. Somada a essa retração, a estimativa de queda média na produtividade é de 10% a 15% em relação à safra passada. A Argentina deverá produzir quase 4,2 milhões de toneladas a menos que o volume projetado em abril, antes do início do plantio.

De uma previsão inicial de colheita de mais de 22 milhões de toneladas, agora pouco mais de 18 milhões deverão ser efetivamente colhidas. Assim, o saldo exportável será reduzido de 14,4 milhões para 10,2 milhões de toneladas. O Brasil é o principal importador de trigo da Argentina, e o problema no vizinho poderá abrir espaço para o aumento das compras do cereal de outras origens, como Estados Unidos e Rússia.

Segundo Roulet, os reflexos do problema nos preços do cereal não são suficientes para compensar a queda na receita cambial. Em abril, com as estimativas iniciais de safra e saldo exportável, era esperada uma receita com os embarques de US$ 2,78 bilhões, montante que agora caiu para US$ 2,09 bilhões – US$ 688 milhões a menos. “E a perda poderá aumentar se não chover nas próximas semanas”, alertou Roulet.

Na sexta-feira, a Bolsa de Rosário destacou que, além disso, recentes geadas intensas estão prejudicando plantações. De acordo com o Guia Estratégico do Agro (GEA) da bolsa, o frio de quinta-feira (20 de agosto), quando a mínima atingiu 13,7 graus negativos em Córdoba, elevou de 500 mil para 820 mil hectares a área na faixa central do país em condições regulares ou ruins. Isso significa metade da área plantada na região. “Se não houver chuvas importantes em breve, haverá uma redução de rendimento de 30% a 50% na área”, alertou o GEA.

Fonte: Valor Econômico

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