Debates sobre sustentabilidade e mercado internacional encerram o 25º Congresso Internacional da Indústria do Trigo

Área de imprensa
26/09/2018

O último dia do 25º Congresso Internacional da Indústria do Trigo, promovido pela Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), que aconteceu entre os dias 23 e 25 de setembro, em Foz do Iguaçu (PR,) começou com o painel 2 tratando o tema “Sustentabilidade e as Mudanças dos Hábitos Alimentares”. O debate foi moderado por Paloma Venturelli, vice-presidente do Moinho Globo, e contou com a colaboração de informações de Valter Bianchini, Oficial Nacional da Unidade da FAO/ONU para a região Sul do Brasil; Claudio Zanão, Presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (ABIMAPI); Alessandra Luglio, embaixadora do Barilla Center for Food and Nutrition, e José Luiz Tejon, jornalista especializado em agronegócio.

Valter Bianchini iniciou na plenária alertando para as múltiplas formas de má nutrição que afetam na população mundial. Atualmente, mais de dois bilhões de pessoas sofrem de alguma deficiência nutricional e cerca de 1,9 bilhão de indivíduos têm sobrepeso — desses, 600 milhões são obesos. “Desenvolvemos um plano de ação global da FAO para 2030. Ele foi criado com o objetivo de demonstrar nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável, traz metas para acabar com a pobreza em todas as suas formas e alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição, bem como promover a agricultura sustentável”, explica.

Em seguida, Claudio Zanão expôs algumas tendências de escolhas do consumidor na hora da compra e como as indústrias devem se comportar neste momento de retomada da crise. De acordo com o executivo, a atual conjuntura faz a população repensar suas escolhas de marcas, tamanhos das embalagens e canais de vendas. Existe um controle e certo equilíbrio dos gastos, mas as pessoas se permitem a algumas indulgências. “Não existe uma fórmula única para crescer. Estamos saindo de um cenário econômico difícil, por isso é tão importante sabermos os canais certos para atingirmos de maneira assertiva o consumidor”, diz.

Alessandra Lugliu complementou Bianchini, comentando sobre a atuação do Barilla Center For Food e Nutrition (BCFN). De acordo com a nutricionista, o principal objetivo deste programa é analisar a complexidade dos sistemas agroalimentares atuais, promovendo caminhos que levam aos estilos de vida mais saudáveis. “Trazemos recomendações aos tomadores de decisões políticas, com o fornecimento de estudos multidisciplinares relacionados aos alimentos e melhores práticas”, concluiu.
Por fim, o jornalista Tejon apontou a importância do visual merchandising — ferramenta estratégica para trabalhar o ambiente do ponto de venda e atrair mais clientes —, de forma ética, para que o consumidor não se sinta enganado. “A população deve ser educada de maneira moderada e consciente. Campanhas educativas midiáticas sobre hábitos mais saudáveis, sustentabilidade, educação alimentar e sem desperdício é um caminho que traria bons frutos para todos”, destacou.

O terceiro e último painel do congresso trouxe o tema “O Brasil sem fronteiras para o mundo: Mercado Global & Comércio” com a participação de Ankush Bhandari, vice-presidente de Pesquisa Econômica do Grupo Gavilon; Bart Swankhulzen, diretor da global trade Sodrugestvo, representando a Rússia; Flávio Turra, gerente técnico e econômico da OCEPAR; Sergio Sebastián Busso, ministro de Agricultura y Ganadería de Córdoba, Argentina; Raúl Valdez Florentín, gerente-geral da Unexpa, Paraguai; Vicent Peterson, presidente da U.S. Wheat, e Rubens Barbosa, presidente da Abitrigo, como moderador. Os executivos discutiram o panorama mundial do trigo e da safra atual de mercado.

De acordo com Ankush Bhandari, a China importa dos Estados Unidos cerca de um terço do total de milho e trigo consumidos, mas busca diversificar as importações de produtos agrícolas no país americano. Porém, com a aplicação de tarifas pesadas pela disputa comercial, os chineses buscam crescer com a criação de novos mercados e projetos de infraestrutura com rotas marítimas para grãos colhidos na Rússia.

Sergio Busso destacou as questões que envolvem sustentabilidade e qualidade, bem como o preço do trigo argentino, como principais características que tornam o país mais atrativo para a indústria brasileira de farinha. “Tivemos um salto produtivo experimentado pelo trigo desde as medidas tomadas no final de 2015 para liberar o comércio exterior. Nos últimos três anos, a área plantada aumentou 40% e a produção aumentou 66%”, destacou. Ainda segundo o ministro de Agricultura y Ganadería de Córdoba, atualmente o Brasil responde por 37% das exportações argentinas de trigo, percentual muito inferior aos 96% que representou em 2014, como resultado de intervenções no mercado.

Vincent Peterson apontou que as exportações de trigo nos Estados Unidos em 2016, atingiram seu ponto mínimo (13%), enquanto a da Rússia foi de 22%. O presidente da U.S. Wheat ressaltou que nos últimos 10 anos, o Brasil se beneficiou de 83% dos mais de 11 milhões de toneladas/por ano de trigo produzido.
Ao fim dos painéis, Rubens Barbosa, presidente da Abitrigo, destacou que as discussões que envolveram o 25º Congresso Internacional da Indústria do Trigo são de fundamental importância para enriquecimento das propostas que envolvem a Política Nacional do Trigo. A partir dos debates, a entidade produzirá uma carta oficial que será entregue a todos os candidatos a presidente.


Fonte: ABITRIGO

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