Commodities: Realização de lucros faz preço do trigo cair quase 3% em Chicago

Setor
15/12/2020

Após as altas expressivas das cotações do trigo da semana passada, muitos investidores decidiram realizar lucros nesta segunda-feira, o que determinou a queda da commodity na bolsa de Chicago. Os contratos futuros com entrega em março recuaram 2,93% (18 centavos de dólar), para US$ 5,965 o bushel.

Nesta segunda-feira, a Rússia confirmou as especulações que motivaram a valorização das sessões anteriores e informou que adotará um imposto de 25 euros para cada tonelada de trigo que o país exportar entre 15 de fevereiro e 30 de junho. “Hoje é um clássico ‘compra-se no boato, vende-se no fato’”, disse Matt Ammermann, gerente de risco de commodities da consultoria StoneX, à agência Reuters.

Durante eesse mesmo período, o governo russo vai implementar também uma cota de exportação de 17,5 milhões de toneladas para todos os grãos (trigo, milho, cevada, centeio). “O imposto parece alto o suficiente para prejudicar as vendas externas de trigo”, acrescentou Ammermann.

Para Andrey Sizov, da consultoria russa SovEcon, a taxação provavelmente as medidas reduzirão as exportações de trigo da Rússia para algo entre 37,8 milhões e 38,8 milhões de toneladas. A estimativa anterior era de 40 milhões.

No mercado de soja, os preços subiram apoiados em novos sinais da demanda chinesa pela commodity americana. A alta dos contratos para janeiro foi de 0,78% (9 centavos de dólar), para US$ 11,695 o bushel. Os futuros para março, por sua vez, avançaram 0,73% (8,5 centavos de dólar) e fecharam negociados por US$ 11,745 o bushel.

De acordo com o relatório de exportações que o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) divulgou nesta segunda-feira, os americanos embarcaram 2,36 milhões de toneladas de soja na semana encerrada em 10 de dezembro, volume 8,5% menor que o dos sete dias anteriores. No ano-safra em curso, porém, os embarques chegaram a 32 milhões de toneladas, bem acima das 18,69 milhões de toneladas do mesmo período de 2018/19.

Do total de soja americana embarcada na semana, mais da metade teve a China como destino. O país recebeu 1,55 milhão de toneladas dessas vendas.

No cenário brasileiro, o plantio de soja chegou a 95% da área prevista para a safra 2020/21 na última quinta-feira, segundo acompanhamento da consultoria AgRural. O número representa um avanço de cinco pontos percentuais em uma semana e está em linha com o mesmo período do ciclo passado, quando 96% da semeadura estava concluída nesta época.

Conforme a AgRural, as chuvas que estavam previstas para a semana passada se confirmaram em boa parte das regiões produtoras do país. “Ainda que de forma irregular, bons volumes foram registrados no Centro-Oeste, Sudeste e no Paraná. As precipitações vieram em boa hora para as áreas plantadas nas últimas semanas e também para as poucas lavouras semeadas mais cedo, que começam a entrar em fase reprodutiva”, diz o relatório.

Nas negociações do milho, os papéis para março subiram 0,12% (0,5 centavo de dólar) e fecharam cotados a US$ 4,24 o bushel. O clima seco da América do Sul – especialmente na Argentina e em partes do Brasil -, que pode afetar as ofertas de exportação se as estimativas de safra forem reduzidas, mais uma vez ajudou a empurrar os preços do cereal para cima.

Para o analista Tomm Pfitzenmaier, da Summit Commodity Brokerage, se os problemas de safra persistirem no Brasil, o que parece provável, as exportações dos EUA devem crescer.

Em seu relatório de exportações, o USDA informou que os americanos enviaram ao exterior 886,9 mil toneladas de milho na semana até o dia 10 de dezembro; uma semana antes, as vendas somaram 753 mil toneladas. No acumulado do ano-safra em curso, os embarques foram de 11,93 milhões de toneladas, volume superior às 7,24 milhões de toneladas do mesmo período de 2018/19.

Fonte: Valor Econômico

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