Commodities: Clima de aversão ao risco pesa sobre grãos em Chicago

Setor
16/04/2020

O clima de aversão ao risco nos mercados internacionais acabou pesando sobre os preços dos grãos na bolsa de Chicago nesta quarta-feira, com destaque para o trigo.

Na terça-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) avaliou que a produção econômica global cairá 3% este ano, uma queda muito maior que a de 2009, de 0,1%, ápice da crise financeira internacional. Caso o número se confirme, será uma perda de US$ 9 trilhões no PIB global, ou mais do que as economias da Alemanha e Japão juntas.

Após a visão negativa do FMI, o dólar passou a operar em alta ante outras divisas, o que tem pesado negativamente sobre os preços do trigo em Chicago, que retrata principalmente o mercado americano.

Os traders acreditavam que os EUA seriam mais competitivos no mercado internacional neste ano, quando o dólar estava mais baixo, mas há dúvidas sobre se isso deve acontecer, segundo o analista Jerry Welch, da Midwest Market Solutions.

Os contratos futuros do cereal com entrega para julho caíram 1,68% (9,25 centavos de dólar) e negociados a US$ 5,405 o bushel.

Por outro lado, a Ucrânia, um dos maiores exportadores mundiais de grãos, está pronta para proibir as vendas internacionais se as tradings excederem o limite acordado com o governo, disse o vice-ministro da Economia responsável pela Agricultura no país à agência Reuters. A medida pode oferecer algum suporte para as cotações.

No caso da soja, os contratos com entrega em julho fecharam a US$ 8,5175 o bushel, queda de 0,44% (3,75 centavos de dólar) na bolsa de Chicago.

Apesar da queda generalizada que tomou o mercado de grãos com o crescente clima de aversão ao risco, os preços da soja diminuíram o ímpeto baixista após os dados positivos do relatório de esmagamento da oleaginosa nos Estados Unidos divulgado pela Associação Nacional de Processadores de Oleaginosas (NOPA, na sigla em inglês), segundo o analista Karl Setzer, da consultoria Agrivisor.

O relatório de março da NOPA mostrou um recorde de uso de soja no mês. Um total de 4,94 milhões de toneladas do grão foram esmagadas em março, o que ficou acima das estimativas dos operadores do mercado.

Ainda na bolsa de Chicago, os preços do milho caíram com os dados de menor demanda para a fabricação de etanol nos Estados Unidos.

Os contratos do milho com vencimento em julho caíram 1,66% (5,5 centavos de dólar), a US$ 3,2675 o bushel.

Segundo a consultoria ARC Mercosul, os preços do cereal recuaram após a divulgação dos dados do Departamento de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês). Na semana encerrada em 10 de abril, a produção de etanol no país recuou 44% ante o mesmo período do ano passado, para 168 milhões de barris. Com isso, os estoques já superam em 21% o volume de 2019.

“Estes números indicam que cerca de 45% da capacidade industrial para esmagamento de milho nos EUA está paralisada neste momento, quadro acima do esperado pelo mercado”, afirmou a consultoria ARC Mercosul, em relatório.

 Fonte: Valor Econômico

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