Cerrado já tem trigo melhor e dobro da produtividade argentina

Setor
18/02/2021

“O Cerrado já tem trigo de melhor qualidade e o dobro da produtividade da Argentina, basta aumentar a produção”, aponta a Consultoria TF Agroeconômica. De acordo com o “Estudo comparativo de lucratividade – trigo x milho safrinha”, o cereal de inverno tem potencial para ser mais viável no inverno do Paraná para cima.

“O estudo mostra que é possível reverter esta situação se forem colocados e atingidos gradualmente os ‘Objetivos’ de uma produtividade ao redor de 7.500 kg/hectare. O Distrito Federal e a Bahia já atingem 6.000 kg/hectare, falta relativamente pouco, portanto”, dizem os analistas.

De acordo com o Departamento de Análise da TF, neste momento, o Cerrado (5.600/6.000 kg/hectare) já produz o dobro da Argentina (2.820 kg/hectare) e com melhor qualidade (o glúten do trigo argentino caiu de 28/30 para próximo a 22 nos últimos 9 anos, enquanto o do trigo produzido no Cerrado se mantém por volta de 28/30, muito próximo da qualidade canadense).

Neste momento há três obstáculos claros no meio do caminho, segundo a TF Agroeconômica:

a) Os países do Hemisfério Norte (que produzem) e as multinacionais/Tradings (que vendem) não tem nenhum interesse em aumentar a produção brasileira de trigo para manter o país como o segundo maior importador mundial do cereal e para não fazer concorrência à produção deles. O atual quadro de necessidades do Hemisfério Norte mostra que há mais necessidade de aumentar a produção de milho do que de trigo. No Brasil, são os dois, mas a de milho já está encaminhada e a de trigo, ainda não. Assim, o grande investimento das empresas de insumos atualmente é no milho, não no trigo. Mas, isto poderia ser revertido com uma decisão do governo;

b) Os moinhos brasileiros do litoral, para quem a importação de trigo argentino está muito cômoda, barata e conveniente e não precisam mudar o atual modus operandi da sua atuação. E nem é sua função produzir trigo, apenas moê-lo a preços lucrativos. Trigo produzido em outros estados do mesmo Nordeste (como estão começando a ser plantados na Bahia, Sergipe e Alagoas, com ótimos resultados), teriam que pagar ICMS, encarecendo o custo. Por enquanto, a operação mais lucrativa é a de importação de trigo argentino (talvez depois também, então precisaria compor);

c) O Mercosul, especialmente a Argentina, que perderia seu mercado cativo de venda ao Brasil e teria que ser obrigada a diversificar e intensificar a busca por novos compradores.

Fonte: Agrolink

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