Abitrigo/Rubens Barbosa: Aumento da cota de importação sem TEC atende a pedido da indústria

Abitrigo
17/06/2020

A decisão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) de aprovar cota adicional de 450 mil toneladas para importação de trigo sem Tarifa Externa Comum (TEC) de 10% atende a pedido dos moinhos, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Rubens Barbosa. “Esperávamos a medida porque o pedido de maior volume com isenção da TEC partiu da indústria, a fim de atender a demanda interna de moagem”, disse ele ao Broadcast Agro . O Brasil costuma comprar trigo do Mercosul, isento da taxa, mas a oferta da região diminuiu nesta safra.

A cota adicional poderá ser utilizada até 17 de novembro deste ano, caso 85% do volume de 750 mil toneladas por ano permitidas atualmente seja preenchido. Conforme antecipado pelo Broadcast Agro , a isenção da TEC entra em vigor assim que a resolução for publicada no Diário Oficial da União, o que deve ocorrer entre amanhã (17) e quinta-feira (18). A decisão foi tomada na última sexta-feira pelo colegiado do Comitê-Executivo de Gestão (Gecex), órgão deliberativo da Camex.

“Ainda é incerta a oferta de trigo da Argentina para a próxima safra”, disse Barbosa sobre o país que atende cerca de 85% das necessidades brasileiras de trigo. “Os moinhos precisavam saber que o fornecimento até o fim do ano estará garantido”, afirmou. Ele espera que o acesso a outras alternativas de abastecimento diminua o custo do cereal, que, segundo Barbosa, aumentou cerca de 30% desde o início do ano. Sobre o gatilho de preenchimento ao qual a cota adicional está vinculada, Barbosa acredita que a indústria não terá dificuldades de preencher o volume exigido. “Desde maio, os moinhos vêm fazendo compras expressivas de países de fora do Mercosul e utilizando a cota. Em julho, devemos atingir o porcentual”, projeta.

O presidente da Abitrigo observou também que a maior parte do volume da cota deve ser utilizada por moinhos do Norte e Nordeste, em virtude da proximidade com os países do Hemisfério Norte, que devem ser os fornecedores, e, consequentemente, menor custo logístico para aquisição do cereal. Quanto à procedência do cereal, o embaixador pontuou que o cereal norte-americano pode não predominar entre as origens, em virtude da aproximação da indústria com países como Rússia e Lituânia. “A origem vai depender das condições de mercado, como preço, entrega e qualidade.” Inicialmente, a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) havia pedido ao governo federal isenção da tarifa para todo volume importado até o fim do ano. A isenção total, contudo, foi descartada pela Camex. Sobre o trigo comprado de países que não pertencem ao bloco incide TEC de 10% e taxas da Marinha Mercante. Atualmente, o Brasil importa cerca de 60% – entre 5 milhões e 6 milhões de toneladas – do trigo necessário para moagem nacional.

Apesar do pedido dos moinhos brasileiros, o Mercosul continua sendo a principal origem de trigo importado pelo País. No acumulado do ano, até maio, o Brasil adquiriu apenas 115,6 mil toneladas de cereal de países de fora do bloco. No ano passado, a importação de trigo de fora do bloco somou 647,5 mil toneladas, 9,8% do total adquirido pelo País no exterior, de 6,575 milhões de toneladas.

Fonte: Broadcast

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